Os georgianos comparecem às urnas neste sábado (26) para eleições legislativas cruciais para o futuro de um país dividido entre uma oposição pró-Europa e um partido no poder acusado de tendência autoritária pró-Rússia.
As pesquisas mais recentes apontaram que uma aliança inédita de partidos da oposição pode vencer o Sonho Georgiano, legenda conservadora do magnata Bidzina Ivanishvili, que comanda, nas sombras, o poder há uma década nesta ex-república soviética do Cáucaso de quatro milhões de habitantes.
Geralmente divididas, as forças de oposição conseguiram estabelecer uma frente inédita contra o governo, formada, entre outros, pelo Movimento Nacional Unido do ex-presidente detido Mikheil Saakashvili.
Mas o resultado é imprevisível devido ao elevado número de pessoas que se recusaram a responder às pesquisas ou se declararam indecisas.
A União Europeia (UE) já alertou que o resultado da votação para renovar as 150 cadeiras do Parlamento determinará as chances de adesão da Geórgia ao bloco, um objetivo que está na Constituição do país.
Em caso de vitória, a aliança da oposição promete aprovar reformas eleitorais e judiciais, além de revogar diversas leis promulgadas recentemente. A intenção é formar um governo de coalizão, aprovar as reformas e organizar novas eleições no prazo de um ano para conhecer a vontade dos cidadãos.
O Sonho Georgiano, no poder desde 2012, é acusado de entrar em uma espiral rumo à implementação de um regime autoritário pró-Rússia que se distancia da UE e da Otan.
Alguns dirigentes do partido são muito críticos em relação ao Ocidente. Seu líder nas sombras, Bidzina Ivanishvili, afirma que as outras nações tratam a Geórgia como "bucha de canhão".
O país às margens do Mar Negro está ainda muito marcado pela invasão russa em uma guerra rápida em 2008, depois da qual Moscou instalou bases militares em duas regiões separatistas georgianas, Abkhazia e Ossétia do Sul, que reconheceu como Estados independentes.
O partido governante fez campanha com base no lema de que é o único capaz de impedir uma suposta "ucranização" da Geórgia.
O governo deseja obter 75% das cadeiras do Parlamento, uma ampla maioria que permitiria mudar a Constituição e proibir os partidos opositores pró-Ocidente.
A Geórgia foi abalada em maio por grandes manifestações da oposição contra uma lei sobre "influência estrangeira" inspirada na legislação russa utilizada para reprimir a dissidência.
Bruxelas congelou o processo de adesão do país à UE e o governo dos Estados Unidos adotou sanções contra autoridades georgianas acusadas de autorizar uma "repressão brutal" contra os manifestantes.
O foco mais recente de tensão entre Bruxelas e Tbilissi foi a promulgação, no início do mês, de uma lei que restringe severamente os direitos das pessoas LGBTQIA+.
im-rco/bds/tmt/dbh/zm/fp