A Assembleia Geral da ONU começa a analisar nesta terça-feira (29) uma nova resolução contra o embargo decretado pelos Estados Unidos há mais de seis décadas contra Cuba, que atravessa uma profunda crise à qual suas autoridades responsabilizam as sanções americanas.
Como vêm fazendo desde 1992, as autoridades cubanas apresentaram mais uma vez para análise da Assembleia Geral um projeto de resolução sobre a "necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro imposto pelos Estados Unidos da América contra Cuba" que marcou a vida dos cubanos nas últimas décadas.
Mais de 80% da população viveu sob as sanções impostas em 1962, em plena Guerra Fria, pelo presidente John F. Kennedy, para asfixiar o regime comunista de Fidel Castro.
Apesar do apoio majoritário dos países-membros, com exceção dos Estados Unidos e seu aliado, Israel, a aprovação dessas resoluções, não mudou nada para o país caribenho.
Na resolução, não vinculante, Cuba pede "a igualdade soberana dos Estados, a não intervenção e não ingerência em seus assuntos internos e a liberdade de comércio e navegação internacionais".
Nesta terça, começa o desfile de oradores que será concluído com o chanceler cubano, Bruno Rodríguez, antes de ser submetida à votação na quarta-feira.
Para as autoridades da ilha, o embargo é o principal obstáculo para seu desenvolvimento e causa da profunda crise econômica que sofre e que se traduziu em um êxodo da população e o profundo descontentamento social.
Há dez dias, a ilha sofreu um apagão generalizado devido ao seu sistema elétrico obsoleto, à falta de investimento, que as autoridades culpam o embargo.
As autoridades calculam que o bloqueio gerou em um ano mais de 5,5 bilhões de dólares (31 bilhões de reais) em danos e prejuízos materiais ao país.
Em 2015, sob a administração do democrata Barack Obama, os governos dos dois países começaram um processo de normalização das relações diplomáticas, mas sem a suspensão do embargo.
Mas a chegada do republicano Donald Trump em 2017 reforçou sua implementação, medidas que em boa foram mantidas pelo seu sucessor, o democrata Joe Biden.
Cuba depende principalmente do petróleo da Venezuela, seu principal aliado, a quem paga em parte com o envio de médicos, mas que diminuiu suas entregas de 100.000 barris diários em 2016 para uma média de 56.000 em 2021.
México e Rússia contribuíram para atenuar o severo déficit da ilha.
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