O ex-presidente boliviano Evo Morales pediu, nesta terça-feira (29), às organizações regionais Celac e Alba que investiguem o ataque a tiros que informou ter sofrido pelas mãos de agentes do Estado no último fim de semana, versão que o governo questiona. 

Tanto a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) como a Aliança Bolivariana para os Povos da Nossa América (Alba) são formadas por governos aliados ao líder indígena de esquerda. 

"Exigimos uma investigação internacional e independente de organizações como a Alba ou a Celac", afirmou o ex-governante na rede social X. 

No domingo, Morales denunciou em um vídeo ter sofrido um atentado ao veículo em que viajava pela região cocaleira de Chapare, no departamento de Cochabamba. 

Segundo sua versão, o carro foi atingido 14 vezes por balas em um ataque realizado por um grupo militar e policial, do qual saiu ileso. Seu motorista ficou ferido.

Morales acusou o governo de seu ex-ministro Luis Arce de tentar matá-lo.

Na segunda-feira, o ministro do Governo, Eduardo Del Castillo, negou a versão de Morales e acusou-o de fazer um "teatro" em torno do episódio. 

Segundo o ministro, foi a equipe de segurança do ex-presidente que atirou contra uma patrulha policial enquanto fugia de um controle antidrogas. Um policial uniformizado ficou ferido, segundo o funcionário. 

Del Castillo anunciou uma denúncia ao Ministério Público contra Morales, que já está sendo investigado criminalmente pelo suposto abuso de uma menor em 2015, quando era presidente. 

Nesta terça-feira, Morales culpou diretamente o ministro por tentar matá-lo.

"Eduardo Del Castillo, ministro do Governo de Luis Arce, é o responsável pela tentativa de assassinato realizada no domingo passado. Ele organizou e ordenou a operação", disse Morales na rede X. 

O incidente ocorreu em meio a bloqueios de apoiadores do ex-presidente que denunciam uma "perseguição judicial" contra seu líder. Morales chama a investigação por estupro de mais uma "mentira" orquestrada pelo governo. 

Arce e Morales, ex-aliados, enfrentam-se pela liderança do partido no poder e pela candidatura presidencial para 2025.

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