O escritor franco-argelino Kamel Daoud venceu nesta segunda-feira (4) o prêmio Goncourt, o de maior prestígio da literatura em francês, por "Houris", um romance sobre a "década negra" da Argélia entre 1992 e 2002, obra que foi proibida nesse país.
"É um livro que pode dar sentido ao que vivemos nesse país, mas nasceu porque vim à França. Porque é um país que me dá a liberdade de escrever", celebrou o escritor, de 54 anos, no restaurante Drouant, em Paris, onde prêmio Goncourt é anunciado todos os anos.
A França "é um país que protege os escritores", acrescentou, recordando que sua liberdade de expressão acabou obrigando-o a deixar sua cidade, Oran, para se mudar para Paris e obter a nacionalidade francesa.
"Houris" não pôde ser publicado na Argélia por causa de uma lei que proíbe qualquer obra que mencione a guerra civil de 1992-2022.
Após o romance "Veiller sur elle" de Jean-Baptiste Andrea, premiado no ano passado, a Academia Goncourt optou por uma ficção mais política, premiando um livro "onde o lirismo se mistura com o trágico".
“Houris” (Gallimard) ”dá voz aos sofrimentos ligados a um período sombrio na Argélia, especialmente para as mulheres. Esse romance mostra como a literatura, com sua liberdade para explorar a realidade e sua densidade emocional, traça (...) outro caminho para a memória”, disse Philippe Claudel, presidente do júri.
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