A líder da extrema direita francesa Marine Le Pen negou, nesta terça-feira (5), a existência de um “sistema” de desvio de fundos públicos europeus quando era eurodeputada, em um julgamento que pode lhe custar a candidatura nas eleições presidenciais de 2027.

O tribunal correcional de Paris julga até o fim do mês Le Pen, de 56 anos, seu partido, o Reagrupamento Nacional (RN), além de outras 24 pessoas, por suspeita de terem pago funcionários do partido com dinheiro do Parlamento Europeu entre 2004 e 2016.

A investigação revelou a prática, "de forma orquestrada e deliberada", de um "sistema de desvio" dos 21.000 euros (R$ 132 mil, na cotação atual) com que cada eurodeputado conta mensalmente para pagar seus assessores parlamentares.

Segundo os investigadores, os assessores teriam trabalhado, na verdade, para a Frente Nacional (FN) - rebatizada de RN em 2018 -, que teria economizado com essa prática, proibida pela legislação europeia.

“Desde o começo do julgamento, fala-se em uma dezena de e-mails, de mensagens de texto consideradas mal escritas, suspeitas ou inadequadas. Mas são apenas uma dezena de correios eletrônicos entre dezenas de milhares", disse a deputada francesa no tribunal. “Se estamos convencidos de que existe um sistema, de que tudo é suspeito, então certamente vão encontrar algo".

Os acusados podem ser condenados a até 10 anos de prisão e multa, bem como a uma pena de 10 anos de inelegibilidade, o que representaria um revés para as ambições presidenciais de Marine.

O julgamento acontece no melhor momento do RN. Sua vitória nas eleições deste ano para o Parlamento Europeu levou o presidente francês, Emmanuel Macron, a antecipar as eleições legislativas, que aconteceriam em 2027.

Embora a extrema direita não tenha vencido desta vez, Marine Le Pen tem as chaves da sobrevivência do novo governo francês, escorado na direita.

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