Deputados franceses de esquerda e direita têm multiplicado nos últimos dias seus esforços para que o governo bloqueie a conclusão do acordo de livre-comércio entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.

A comissão de Assuntos Europeus da Assembleia Nacional da França aprovou nesta terça-feira (5) uma proposta de resolução europeia - assinada por mais de 70 deputados - contra o acordo em negociação há mais de duas décadas.

Os defensores da proposta pedem que o governo da França pressione "para rejeitar esse acordo, contrário à trajetória climática, aos interesses dos nossos produtores, à nossa soberania alimentar", disse o deputado Dominique Potier.

As negociações da UE com os países do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia) foram retomadas nos últimos meses, sob o impulso de membros como Alemanha e Espanha. A perspectiva de um acordo desagrada os sindicatos agrícolas franceses, que anunciaram uma manifestação para este mês.

A proposta de resolução aprovada pela comissão parlamentar francesa pede, entre outras coisas, que se inscreva nas leis europeias a obrigação de que os produtos importados pelo bloco respeitem as disposições comunitárias em matéria de segurança sanitária e ambiental.

Antes da votação na Assembleia, deputados franceses organizaram uma entrevista coletiva para promover uma coluna de opinião publicada ontem, em que 200 parlamentares, de ambientalistas a conservadores, pediam ao governo que bloqueasse a conclusão do acordo.

"O que reivindicamos são regras iguais para todos, porque pedimos aos nossos agricultores que respeitem normas ambientais e sanitárias estritas", explicou a deputada Sandrine Le Feur, agricultora e membro do partido Renascimento, do presidente Emmanuel Macron.

A França se tornou o principal opositor europeu do acordo de livre-comércio com o bloco sul-americano, alegando que o documento não protege devidamente os agricultores europeus.

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