Há quatro anos, a Fox News, emissora preferida dos conservadores americanos, previu o triunfo de Joe Biden no estado do Arizona muito antes da concorrência. Nas eleições de terça-feira (5), o canal também superou seus rivais ao anunciar a vitória de Donald Trump.

Eram quase 2h da madrugada na Costa Leste (4h em Brasília) quando o canal de notícias do magnata da imprensa Rupert Murdoch garantiu, com base em suas projeções, que o bilionário de 78 anos se tornaria o "47º presidente dos Estados Unidos", devido à sua vitória nos estados decisivos de Wisconsin e Pensilvânia.

As demais emissoras confirmaram a informação três horas depois.

Esta é uma vitória indiscutível para a Fox News, que coloca em evidência as suas duas faces: de um lado, a de comentarista altamente tendenciosa, na linha de frente das batalhas ideológicas travadas pelos conservadores americanos, e por outro, uma capacidade de igualar ou mesmo superar a concorrência, liderada pela CNN, nos grandes acontecimentos noticiosos. 

Na ausência de resultados oficiais rápidos em noites de eleições americanas, são os veículos de imprensa que anunciam o vencedor.

Nos bastidores da televisão, a pressão recai sobre as "mesas de decisão", equipes de estatísticos e analistas que alimentam as estimativas baseadas nos primeiros resultados, necessariamente fragmentados. 

Um consórcio de canais de televisão (ABC, CBS, NBC News, CNN) trabalha com o instituto Edison Research, que fornece pesquisas de boca de urna, projeções e apurações, enquanto a Fox News, assim como a Associated Press, trabalha com o instituto NORC da Universidade de Chicago.

Em 2020, a Fox News já havia se destacado ao atribuir uma vitória crucial para o democrata Joe Biden no estado do Arizona poucas horas após o fechamento das urnas. 

O anúncio, confirmado vários dias depois por outros meios de comunicação, provocou a ira de Trump e seus apoiadores, com consequências graves e imprevisíveis.

Longe de se beneficiar de sua rapidez, a Fox News viu seus telespectadores migrarem para redes concorrentes no universo midiático conservador. 

A rede de Rupert Murdoch acolheu apoiadores de Trump, que denunciaram, sem apresentar provas, fraudes e culparam as máquinas de votação fabricadas pela Dominion Voting Systems. 

A empresa processou a Fox News por difamação e, em 2023, o canal pagou 787,5 milhões de dólares (3,9 bilhões na cotação da época) para resolver o caso fora do tribunal e evitar julgamento.

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