Delegados de quase 200 países, das Nações Unidas e de dezenas de organizações da sociedade civil se reúnem, entre esta quinta e sexta-feira (8) em Bogotá, na Colômbia, para participar da 1ª Conferência Global pelo Fim da Violência contra Crianças.
"Atualmente, mais da metade das crianças do mundo sofrem algum tipo de violência (...) isso é inaceitável", disse o chanceler da Colômbia, Luis Gilberto Murillo, durante a abertura do evento.
Espera-se que os países participantes anunciem novos compromissos para combater o abuso infantil, um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável adotados pelas Nações Unidas em 2015.
"Temos cinco anos para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, incluindo acabar com todas as formas de violência contra as crianças", indicou, por sua vez, Camilla Waltersson Grönvall, ministra dos Serviços Sociais da Suécia, que organiza o evento junto à Colômbia.
A representante especial do secretário-geral das Nações Unidas para a violência contra as crianças, Najat Maalla M'jid, pediu para que "a conferência não seja um fim em si mesma" e que "no final se traduza em ações".
A infância sofre uma violência "sem precedentes", segundo a ONU, devido a conflitos armados, mudanças climáticas, migração, abusos sexuais e cibernéticos, casamento infantil, doenças mentais, suicídios, entre outros.
"Este ano estamos celebrando o 35º aniversário da Convenção sobre os Direitos da Criança e precisamos nos perguntar por que não conseguimos alcançá-los", enfatizou a representante do Secretário-Geral da ONU, em um centro de convenções no centro de Bogotá.
- "Não conseguimos" -
Cerca de 1.400 pessoas, incluindo vítimas de abuso infantil, participarão da conferência.
"Fui abusada sexualmente aos cinco anos por um vizinho. Na época, nem sequer tinha a linguagem para entender o que me aconteceu", relatou à plenária Lydia Matioli, defensora dos direitos das crianças do Quênia.
Um coro de crianças filhas de ex-combatentes das Farc, a guerrilha colombiana que depôs as armas em 2017 como parte de um acordo histórico, se apresentou na cerimônia de abertura.
O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, chamou a atenção para o "colapso climático" como fator de risco para as crianças.
"Isso não é violência?" (...) "Vamos deixar para nossas crianças o pior dos mundos", lamentou o presidente.
Forte crítico de Israel pelos ataques em Gaza, Petro levantou um turbante árabe que recebeu de uma delegação palestina ao final de sua intervenção.
Os ministros discutirão sobre o "fim do castigo corporal", a "exploração on-line" e o recrutamento de menores, entre outros. As conclusões serão anunciadas na tarde de sexta-feira.
"A cada quatro minutos, em algum lugar do mundo, uma criança morre devido a um ato de violência", segundo o Unicef.
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