Manifestantes judeus impediram, nesta sexta-feira (8), que o presidente do Parlamento austríaco, membro da extrema-direita, depositasse uma homenagem em Viena para relembrar a Noite dos Cristais de 1938, algo nunca visto no país alpino.

"Respeitem a memória de nossos pais e avós e não cuspam sobre seus túmulos!", exclamou um dos manifestantes para Walter Rosenkranz, um controverso membro do partido ultradireitista FPÖ, fundado por antigos nazistas.

Inicialmente, Rosenkranz pediu à polícia que despejasse os manifestantes, em sua maioria estudantes judeus, que formaram uma barreira humana ao redor de um dos monumentos da capital em memória ao Holocausto. 

Optou, então, por se retirar, visivelmente irritado, qualificando a ação como "violenta" e "ofensiva" para com ele, além de um "ataque à democracia", segundo um vídeo divulgado pela televisão pública ORF.

A Áustria recorda nesta sexta-feira a Noite dos Cristais, quando, entre os dias 9 e 10 de novembro de 1938, com o país anexado ao Terceiro Reich, sinagogas foram incendiadas, lojas, vandalizadas e judeus, mortos.

O FPÖ, que obteve o maior número de votos nas eleições legislativas de setembro, conquistou a presidência do Parlamento, uma posição protocolar importante, apesar dos protestos da comunidade judaica.

O representante oficial dessa comunidade, Oskar Deutsch, não convidou Rosenkranz para as comemorações, argumentando que seria "impossível honrar as vítimas com uma pessoa assim".

Em resposta, Rosenkranz decidiu organizar seu próprio evento.

Além dos comentários antissemitas de membros do FPÖ, Rosenkranz é criticado por sua associação a uma fraternidade que, em 1878, introduziu uma cláusula ariana proibindo a integração de judeus e que prestou homenagens a um grupo neonazista.

O novo presidente do Parlamento, que também é responsável por supervisionar o fundo de compensação para as vítimas do nazismo, prometeu "continuar a luta contra o antissemitismo" e disse que é "falso" que ele represente uma ameaça para os judeus na Áustria, algo do que é acusado.

Apesar de ter vencido nas urnas, o FPÖ continua excluído das negociações para formar governo, devido à falta de possíveis aliados. 

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