A ONU e 50 países alertaram, nesta sexta-feira (8), sobre a proliferação de ataques de ransomware, um tipo de vírus cibernético, contra hospitais, com o consequente risco para os pacientes, mas também para a paz internacional.

O ransomware é uma extorsão digital na qual os hackers sequestram os dados das vítimas - indivíduos, empresas ou instituições - e exigem um pagamento para liberá-los.

Quando afeta hospitais, "pode ser uma questão de vida ou morte", denunciou o chefe da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus, em uma reunião atípica do Conselho de Segurança da ONU, por iniciativa dos Estados Unidos.

"Pesquisas mostraram que esses ataques ao setor de saúde aumentaram tanto em escala quanto em frequência", destacou, insistindo na importância da cooperação internacional para combatê-los.

A pirataria cibernética, disse, representa "um grave risco para a segurança internacional", razão pela qual pediu ao Conselho que a considere como tal.

"Esses ataques são uma ameaça direta à segurança pública, colocam em risco vidas humanas (...) e podem representar uma ameaça à paz e à segurança internacionais", acrescentaram 50 Estados (entre eles Coreia do Sul, Ucrânia, Japão, Argentina, França, Alemanha e Reino Unido) em uma declaração conjunta lida à imprensa por Anne Neuberger, vice-conselheira de Segurança Nacional dos Estados Unidos.

Também foi pedido aos países que não permitam que os responsáveis por esses ataques operem a partir de seu território.

Durante a reunião do Conselho, Anne Neuberger criticou diretamente as autoridades russas: "Alguns Estados, em particular a Rússia, continuam permitindo que os operadores de ransomware atuem em seu território com total impunidade".

Por sua vez, França e Coreia do Sul apontaram o dedo para Pyongyang.

"Sabemos que os ataques de ransomware podem ajudar a financiar a proliferação de armas de destruição em massa", declarou o embaixador adjunto da França, Jay Dharmadhikari, referindo-se ao último relatório dos especialistas da ONU encarregados de monitorar as sanções contra a Coreia do Norte.

No relatório, os especialistas mencionam informações que indicam que o país financia parte de seus programas armamentistas por meio de suas "atividades cibernéticas maliciosas".

Para a Rússia, o Conselho não é o lugar adequado para debater sobre cibercrimes.

"Se os ocidentais estão preocupados com a segurança das infraestruturas de saúde, por que não começar tomando 'medidas específicas para deter os horríveis ataques de Israel contra os hospitais de Gaza?'", declarou o embaixador Vasily Nebenzia.

"Desviar a atenção do Conselho de Segurança para o mundo virtual parece contraproducente, até cínico", acrescentou.    

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