Uma vitória russa na Ucrânia seria um fracasso para os Estados Unidos, disse o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, nesta segunda-feira (11), em meio a preocupações sobre se Donald Trump continuará a apoiar Kiev no início de seu mandato presidencial.

"É certo que não seria uma vitória para os líderes americanos se a Ucrânia entrar em colapso e Putin vencer a guerra”, alertou Borrell em uma entrevista à AFP em Kiev.

Borrell é o primeiro funcionário de alto escalão da UE a visitar Kiev desde a vitória de Donald Trump na eleição presidencial dos EUA na semana passada.

A visita também ocorre em um momento muito difícil na linha de frente para as forças ucranianas, exauridas por quase três anos de invasão russa.

A reeleição de Trump preocupa a Ucrânia e a Europa, que temem que o presidente eleito ponha fim ao apoio americano curial para Kiev.

Durante sua campanha, Trump questionou a continuação da assistência militar e financeira à Ucrânia, e disse que poderia chegar a um acordo rápido para terminar o conflito.

A viagem de Brorrell à Ucrânia, sua última antes de deixar o cargo em dezembro, tem como objetivo tranquilizar Kiev sobre o apoio da Europa.

Nesta segunda-feira, o Kremlin negou as informações do Washington Post de que Trump e o presidente russo Vladimir Putin conversaram por telefone na semana passada sobre a guerra.

Borrell disse que não havia indícios de que os dois haviam se falado antes, mas acrescentou que "definitivamente" irão.

"Não é uma surpresa", afirmou, apontando que líderes europeus, como o chanceler alemão Olaf Scholz, também disseram estarem preparados para falar com Putin. "É parte do jogo", assegurou.

A Europa gastou por volta de 125 milhões de dólares (724,6 milhões de reais na cotação atual) para apoiar a Ucrânia desde a invasão russa em 2022, enquanto os EUA gastaram cerca de 90 milhões de dólares (521,7 milhões de reais), segundo estimativas do Instituto Kiel.

"Não posso prever qual será a posição dos Estados Unidos", disse Borrell. Mas deixe-me dizer uma coisa: devemos fugir da lógica segundo a qual os EUA atua e, nós, Europa, devemos ter nossa própria capacidade de ação".

No campo de batalha, as tropas ucranianas vêm perdendo terreno para as forças russas, que são maiores e mais bem armadas, há meses. 

O objetivo de ajudar a Ucrânia, candidata oficial à adesão à UE, a vencer a guerra continua “exatamente” o mesmo, insistiu Borrell.

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