Cientistas do Museu de História Natural Field, em Chicago, nos Estados Unidos, examinaram 26 múmias do antigo Egito. Os corpos foram levados para equipamentos móveis de tomografia capazes de analisar o interior deles sem que as faixas fossem retiradas.
Apesar do experimento ter sido realizado durante quatro dias de setembro, seus primeiros resultados apareceram apenas no final de outubro, quando as imagens feitas começaram a ser reunidas, criando uma visão 3D de cada um dos indivíduos mumificados. As descobertas trouxeram novas informações sobre as práticas funerárias dos egípcios, além de dar pistas sobre o que eles achavam importante levar para a vida após a morte.
Descobertas das múmias
Um dos corpos, batizado de Chenet-aa, é datado de 3 mil anos atrás e foi enterrado sem olhos, sendo sepultado com um par substituto. A pessoa mumificada, que morreu em algum ponto entre seus 30 e 40 anos, possui desgaste em seus esmaltes do dente, sugerindo aos cientistas que ele possuía algum problema em sua dieta com grãos de areia na comida.
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Os restos mortais do indivíduo conhecido como Harwa - a primeira múmia a voar, em 1939 - sugerem um estilo de vida abastado. A tomografia mostrou que a arcada dentária dele está em ótimo estado e não indicou lesões ósseas decorrentes de trabalho braçal frequente.
Em nota à imprensa, a gerente de coleção de restos mortais do museu, Stacy Drake, disse que “do ponto de vista arqueológico, é incrivelmente raro poder investigar ou ver a história da perspectiva de um único indivíduo”. A representante avalia que o procedimento “é uma ótima maneira de vermos quem eram essas pessoas - não apenas as coisas que fizeram e as histórias que inventamos sobre elas, mas os indivíduos reais que estavam vivos naquela época”.
Processo de mumificação
A civilização acreditava que a preservação do corpo após a morte estava ligada à saúde do espírito. A mumificação do falecido é um procedimento complicado que podia durar 70 dias, de acordo com o museu Smithsonian. Além de estar mais ligado aos membros da classe alta e da nobreza.
Sacerdotes eram encarregados pela tarefa e cumpriam o embalsamento enquanto realizavam rezas e rituais específicos. Os órgãos eram retirados do corpo, preservados e colocados em recipientes - o cérebro, último a ser extraído, era retirado em pedaços, de forma cautelosa para não desconfigurar o rosto.
Para secar o corpo, era utilizado um composto de sais de sódio, o natron, evitando que a umidade levasse à decomposição acelerada. Além disso, eram utilizados centenas de metros de linha para recobrir o mumificado, com amuletos colocados entre camadas e escritos mágicos sendo escritos em trechos da fita.
A equipe do Museu de História Natural Field ainda descobriu que nem sempre os órgãos eram sepultados fora do corpo do falecido. Em alguns casos, as partes eram devolvidas, empacotadas, ao indivíduo embalsamado antes do enfaixamento.
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Isso porque os egípcios cultuavam deuses que eram responsáveis por cada parte do corpo após a morte. Duamutef, por exemplo, protegia o estômago, já Imsety o fígado, enquanto Hapy cuidaria do pulmão.