O novo chefe da Igreja Católica argentina, monsenhor Marcelo Colombo, alertou, nesta quinta-feira (14), sobre as consequências sociais do plano do governo do presidente Javier Milei e seu impacto sobre a pobreza, que aumentou 11 pontos em seis meses, chegando a 52,9%.
Na Argentina, “há muitas pessoas fora (do sistema econômico), percebemos isso nos refeitórios e nas cozinhas populares”, disse Colombo, que na terça-feira foi nomeado chefe da Conferência Episcopal Argentina, o mesmo cargo ocupado por Jorge Bergoglio antes de ser eleito papa em 2013.
Colombo, de 63 anos, ex-arcebispo da província de Mendoza, no oeste do país, disse que sua mensagem ao presidente Milei seria “um convite ao diálogo com todos e para gerar essa corrente necessária e indispensável de empatia com os mais pobres”.
Em entrevista à Radio Mitre Mendoza, ele disse que “a economia está a serviço do homem e agora há um forte compromisso de ordenar a economia, ver como o dinheiro é gasto e priorizar os gastos. Mas o importante é que tudo o que é reforma econômica deve estar com as pessoas de dentro e não com as pessoas de fora”.
Colombo admitiu que a igreja está “muito preocupada” com o aumento da pobreza. Ele deu como exemplo o fato de que em um abrigo noturno da igreja, onde “50 pessoas costumavam ser recebidas, agora há mais de 200”.
O plano de austeridade e ajuste que Milei vem executando desde que assumiu o cargo, há quase um ano, deu frutos no controle da inflação e do equilíbrio fiscal. No entanto, causou uma profunda recessão econômica, com milhares de demissões e um aumento desenfreado da pobreza, com números nunca vistos nas últimas décadas.
Colombo sucede o monsenhor Oscar Ojea como chefe da Igreja Católica argentina, que em suas homilias públicas se manifestou repetidamente contra a “perda de sensibilidade” do governo em relação aos mais necessitados, atrasando por meses a distribuição de alimentos aos refeitórios sociais enquanto eles passavam por auditorias.
Ele também criticou o presidente pelas queixas contra o papa, a quem Milei descreveu como um “representante do maligno”, entre outras coisas pelas quais ele se desculpou posteriormente com o pontífice.
O catolicismo continua sendo a religião majoritária na Argentina, com cerca de 63% da população, de acordo com estudos universitários.
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