A ONG Foro Penal, que lidera a defesa dos "presos políticos" na Venezuela, registrou e “verificou”, até este domingo (17), 131 libertações de detidos durante os protestos que eclodiram após as eleições de julho no país caribenho, depois de o Ministério Público anunciar que 225 prisioneiros seriam soltos.  

As famílias continuavam, neste domingo, em frente às prisões aguardando novas libertações, segundo disseram à AFP parentes de detidos nas penitenciárias de Yare III, a cem quilômetros de Caracas, Tocuyito e Tocorón (centro-norte).

Várias libertações ocorreram durante a madrugada, incluindo de "alguns adolescentes", informou no Instagram Alfredo Romero, diretor e presidente da ONG, que começou a registrá-las desde "as primeiras horas" de sábado em várias prisões.

O Ministério Público anunciou na véspera que 225 medidas de liberdade haviam sido "concedidas e executadas" após uma revisão dos casos relacionados aos protestos que eclodiram contra a contestada reeleição de Nicolás Maduro e deixaram um saldo de 2.400 detidos, incluindo 164 adolescentes, dos quais 69 continuavam presos até quinta-feira.

"Entendemos que, na maioria dos casos, não há liberdade plena e os processos judiciais continuam", acrescentou Romero, ao afirmar que, com as libertações realizadas até o momento, ainda há "mais de 1.700 presos políticos na Venezuela".

Enquanto isso, familiares aguardavam na penitenciária de Yare III a libertação de cerca de 50 pessoas.

Nos centros de segurança máxima habilitados pelo governo para reter manifestantes, Tocuyito (Carabobo) e Tocorón (Aragua), os agentes disseram a alguns parentes que não haviam recebido mais ordens de libertação.

O Ministério Público reuniu com vários familiares dos detidos após um pedido do próprio Maduro para revisar os casos.

O Comitê pela Liberdade dos Presos Políticos, formado por familiares, denunciou um "atraso" em Tocorón.

"O diretor do presídio tem em mãos as ordens de libertação dos presos políticos pós-eleições, mas não há novas libertações desde sábado", disse o comitê em sua conta no X.

Os protestos contra a reeleição de Maduro também deixaram 28 mortos, incluindo dois militares, e cerca de 200 feridos. O presidente de esquerda foi proclamado vencedor em meio a denúncias de fraude e sem que a apuração detalhada dos votos tenha sido revelada.

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