Uma polêmica eclodiu nesta terça-feira (19) na Itália em torno do ministro da Educação, Giuseppe Valditara, membro da La Liga, de extrema direita, que afirmou que "o patriarcado não existe mais" e que os migrantes são responsáveis pela violência de gênero. 

Suas declarações causaram ainda mais desconforto por terem sido feitas durante uma apresentação da Fundação Giulia Cecchettin, uma estudante italiana de 22 anos assassinada pelo namorado, também italiano, em 2023. 

Este feminicídio chocou os italianos e centenas de milhares de pessoas saíram às ruas para denunciar a violência contra as mulheres. 

Em uma mensagem de vídeo transmitida na segunda-feira na Câmara dos Deputados, na presença de familiares de Giulia Cecchettin, o ministro Valditara dirigiu-se aos "recém-chegados" ao território italiano. 

"Sejamos realistas, o aumento da violência sexual também está ligado a uma forma de marginalidade e desvio que provém de alguma forma da imigração ilegal", disse ele. 

O ministro denunciou ainda "a ideologia que nunca busca resolver os problemas, mas sim afirmar uma visão pessoal do mundo. É a visão ideológica que gostaria de resolver a questão das mulheres lutando contra o patriarcado", que segundo ele não existe mais "legalmente desde a reforma do direito da família de 1975".

A irmã de Giulia Cecchettin, Elena, chamou o discurso de Valditara de "propaganda" e lembrou que o assassino de Giulia era um jovem "branco" e "italiano". A Justiça italiana anunciará no próximo mês a sentença contra Filippo Turetta, um estudante de 22 anos. 

Desde o início do ano, a Itália registrou 83 feminicídios, depois de 96 em 2023 e 106 em 2022, segundo dados do Ministério do Interior. De acordo com o Instituto Nacional de Estatística, 94% das vítimas em 2022 foram assassinadas por italianos.

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