Aliados do ex-presidente boliviano Evo Morales anunciaram nesta sexta-feira (22) que impulsionarão sua candidatura presidencial para as eleições de 2025, apesar de ele ter sido inabilitado pela Justiça e excluído da direção do partido governista.

Nesta sexta-feira, centenas de líderes políticos e de organizações camponesas leais a Morales, convocados por ele próprio, discutiram por horas a situação de seu líder em Lauca Eñe, uma localidade cocalera em Cochabamba, no centro da Bolívia.

"Evo Morales Ayma está legalmente habilitado como candidato às eleições gerais de 2025 pelo MAS (Movimento ao Socialismo)", afirma a resolução final do evento político, aprovada por aclamação pelos participantes após horas de explicações de juristas.

Também foi decidido que "Evo Morales Ayma continua sendo legal, legítima e constitucionalmente o presidente do MAS".

Morales, de 65 anos, que governou por três mandatos entre 2006 e 2019, sofreu dois reveses no Tribunal Constitucional (TC) nas últimas duas semanas.

O tribunal primeiro decidiu que o exercício dos mandatos presidenciais deve ser limitado a dois períodos, de maneira "contínua ou descontínua", e posteriormente determinou sua exclusão da direção do partido, entregando-a a um aliado do presidente Luis Arce.

O líder cocalero era a principal figura do MAS desde meados da década de 1990.

Morales está em disputa pelo controle da esquerda oficialista com Arce, a quem acusa de querer retirá-lo da corrida eleitoral utilizando o sistema de justiça.

O controle do partido é fundamental para definir candidaturas para o próximo ano, bem como a escolha de postulantes a deputados e senadores. Atualmente, o partido está dividido entre os "evistas" e os "arcistas".

Arce foi ministro da Economia de Morales durante quase todo o seu governo, mas, nos últimos anos, ambos passaram por um lento processo de distanciamento, que culminou em ruptura.

O líder indígena declarou repetidamente que deseja voltar ao cargo máximo do país. Arce, por sua vez, não manifestou se pretende se candidatar à reeleição, embora seus apoiadores defendam essa ideia.

Os participantes também decidiram realizar uma marcha até a cidade de La Paz para protestar contra a crise econômica e exigir a libertação de mais de uma centena de detidos durante os bloqueios de estradas que paralisaram a Bolívia entre outubro e novembro.

Ainda não foi definida uma data para a manifestação.

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