O Irã anunciou, neste domingo (24), que manterá diálogos esta semana sobre seu programa nuclear com França, Alemanha e Reino Unido, depois que estes países impulsionaram uma resolução para denunciar a falta de cooperação de Teerã.
O porta-voz da diplomacia iraniana, Esmail Baqai, informou que a reunião ocorrerá na sexta-feira, sem relevar o local.
"Será debatida uma série de assuntos regionais e internacionais, incluindo o tema da Palestina e do Líbano, além da questão nuclear", declarou o porta-voz em um comunicado.
Teerã apoia o movimento libanês Hezbollah e o grupo islamista palestino Hamas em Gaza, ambos em guerra contra Israel.
Baqai disse que a reunião é uma continuação dos diálogos mantidos em setembro à margem da Assembleia Geral da ONU, em Nova York.
Na quinta-feira, estes três países europeus, aliados dos Estados Unidos, impulsionaram uma resolução criticando a falta de cooperação do Irã sobre seu programa nuclear durante uma reunião da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).
O texto foi aprovado por 19 dos 35 Estados-membros da Junta de Governadores da AIEA, o que provocou a indignação da República Islâmica.
Em resposta, Teerã anunciou, na sexta, que porá em funcionamento uma série de "novas centrífugas avançadas" para seu programa nuclear.
Os países que promoveram a moção denunciam que o Irã está acumulando quantidades importantes de urânio altamente enriquecido, com o qual poderia desenvolver uma arma nuclear.
- "Dúvidas e ambiguidades" -
O Irã defende o direito a desenvolver a energia nuclear com fins civis, mas nega taxativamente que queira obter a arma atômica.
O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, um dirigente de viés progressista defensor do diálogo com o Ocidente, e que chegou ao poder em julho, afirma que quer eliminar as "dúvidas e ambiguidades" sobre o programa nuclear do seu país.
Em 2015, o Irã e as potências mundiais assinaram um acordo que previa um alívio nas sanções internacionais contra Teerã em troca de garantias de que não irá desenvolver uma arma nuclear.
Mas os Estados Unidos se retiraram unilateralmente do acordo em 2018, durante a presidência de Donald Trump.
O Reino Unido confirmou que ocorrerá uma reunião entre o Irã e os três países europeus.
"Seguimos comprometidos com a adoção de todas as medidas diplomáticas necessárias para impedir que o Irã desenvolva armas nucleares, inclusive mediante as cláusulas de retorsão, se for necessário", declarou o Ministério das Relações Exteriores britânico.
O acordo de 2015 contempla mecanismos para voltar a impor as sanções, que são ativadas em caso de um "descumprimento significativo" dos compromissos assumidos pelo Irã.
Após a saída dos Estados Unidos do acordo, o Irã foi se desvinculando progressivamente da cooperação com a AIE, aumentou consideravelmente suas reservas de urânio enriquecido, e obstaculizou o acesso dos inspetores da ONU a suas instalações.
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