O gabinete de segurança israelense deve decidir, nesta terça-feira (26), se concorda com um cessar-fogo com o Hezbollah no Líbano, após dois meses de guerra aberta com o movimento islamista pró-Irã.
Apesar da possibilidade de trégua, Israel continua bombardeando os redutos do Hezbollah, em particular nos subúrbios ao sul de Beirute. Na segunda-feira, pelo menos 31 pessoas morreram em todo o país, segundo as autoridades.
Israel e o movimento libanês, apoiado pelo Irã, entraram em guerra aberta no final de setembro, após meses de confrontos.
O chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, afirmou que Israel "não tem desculpa" para recusar um cessar-fogo. E a ONU reiterou seu apelo por um "cessar-fogo permanente" no Líbano, Israel e também na Faixa de Gaza.
Segundo a vice-ministra das Relações Exteriores de Israel, Sharren Haskel, o gabinete de segurança se reunirá durante a tarde para discutir o acordo.
"Acreditamos que chegamos ao ponto em que estamos perto", declarou John Kirby, porta-voz da Casa Branca.
O ministro da Defesa israelense, Israel Katz, advertiu que o país atuará "com força" em caso de violação de um possível acordo.
A guerra que começou em outubro de 2023 entre Israel e o movimento islamista Hamas na Faixa de Gaza se propagou para o Líbano há dois meses.
Dezenas de milhares de civis foram deslocados nas regiões fronteiriças do norte de Israel e do sul do Líbano.
- Túneis e foguetes -
Segundo o site americano Axios, o acordo é baseado em um projeto americano que prevê uma trégua de 60 dias, período em que o Hezbollah e o exército israelense se retirariam do sul do Líbano para permitir a entrada das tropas libanesas na região.
O Axios informou que o governo dos Estados Unidos teria dado garantias sobre seu apoio a ações militares israelenses em caso de atos hostis do Hezbollah.
A mediação é baseada na resolução 1701 do Conselho de Segurança da ONU que acabou com a guerra anterior entre Israel e o Hezbollah, em 2006, que estipula que apenas o exército libanês e as forças de manutenção da paz podem estar presentes na fronteira sul do Líbano.
Dorit Sison, uma mulher de 51 anos que mora no norte de Israel, teme um acordo como o de 2006 que, segundo ela, permitiria o "rearmamento" do Hezbollah. "Eles têm túneis, foguetes, toda munição possível", disse.
Para Nahum Donita, morador de 60 anos de Tel Aviv, "está claro que não se pode confiar no Hezbollah, sempre mostraram isso. Mas, pior ainda, o governo israelense também não é confiável".
Israel diz que pretende neutralizar o movimento xiita no sul do Líbano para dar segurança à fronteira e permitir o retorno de 60.000 moradores deslocados.
Segundo o Ministério da Saúde libanês, quase 3.800 pessoas morreram no país desde outubro de 2023, a maioria desde setembro.
Do lado israelense, 82 militares e 47 civis morreram em 13 meses.
- Guerra continua em Gaza -
O exército israelense também continua com os ataques contra a sitiada Faixa de Gaza, onde 11 pessoas morreram na madrugada desta terça-feira, segundo a Defesa Civil.
Com a chegada do inverno (hemisfério norte, verão no Brasil), milhares de deslocados tentam se proteger da chuva com recursos insignificantes.
"Tentamos tudo o que podemos para evitar que a água da chuva entre nas barracas para que as crianças não se molhem", disse Ayman Siam, pai de uma família de refugiados no campo de Yarmuk, na Cidade de Gaza, no norte do território.
A guerra começou após o ataque sem precedentes do Hamas contra o Israel em 7 de outubro de 2023, que matou 1.207 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais, que inclui os reféns mortos.
A ofensiva israelense de represália em Gaza deixou pelo menos 44.249 mortos, a maioria civis, segundo os dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.
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