O governo francês reiterou, nesta terça-feira (26), a sua "firme" oposição ao acordo comercial entre União Europeia e o Mercosul "na sua forma atual", durante um debate na Assembleia Nacional (câmara baixa) enquanto prosseguem os protestos agrícolas. 

A França rejeita "total e decisivamente" o acordo "na sua forma atual", defendeu a ministra da Agricultura, Annie Genevard, para quem esta oposição "firme" nada tem de "doutrinário", uma vez que não se opõe "por princípio" aos acordos de livre comércio. 

Toda a classe política francesa, da esquerda radical à extrema direita, manifestou a sua oposição ao acordo que está sendo negociado entre os 27 países da UE e Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, pelo Mercosul, mas com nuances. 

Perante a agitação agrícola, o presidente francês, Emmanuel Macron, e o governo formado entre a sua aliança de centro-direita e o partido de direita Os Republicanos (LR) reiteraram nas últimas semanas que se opõem à versão do acordo "na sua forma atual".

Mas boa parte da esquerda e da extrema direita opõe-se a esta formulação, o que semeia incerteza no esperado voto unânime de uma declaração da Assembleia que busca aumentar a pressão sobre a Comissão Europeia.

"Tomaríamos a agropecuária brasileira como modelo? Para o Grupo Nacional, hoje como ontem, sempre será não", disse a deputada de extrema direita, Hélène Laporte, criticando, por exemplo, o uso de antibióticos como promotores de crescimento. 

O Executivo comunitário, atualmente liderado por Ursula Von der Leyen, negocia em nome dos países europeus há mais de duas décadas, e Alemanha e Espanha pressionam para concluir um pacto com o Mercosul até o final do ano.

Mas isso gera medo entre os agricultores europeus, que temem a chegada massiva de carne bovina, de frango ou açúcar, entre outros produtos. Na França, voltaram a levar tratores às estradas para protestar nesta terça-feira.

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