A Procuradoria-Geral da República (PGR) vai decidir se apresenta uma denúncia contra o ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado após receber, nesta terça-feira (26), o inquérito policial que o envolve em um suposto plano para impedir a posse de Lula em 2022.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes enviou o relatório da Polícia Federal (PF) à PGR, e determinou que "não há mais necessidade da manutenção do sigilo" do documento de mais de 800 páginas.
Seu conteúdo será divulgado em breve, assinalou o STF após a decisão de Moraes.
Cabe agora ao procurador-geral, Paulo Gonet, decidir se denuncia o ex-presidente e os demais investigados pelos crimes apontados pela polícia, arquiva o expediente ou solicita novas diligências dos investigadores, explicou Moraes em nota.
Bolsonaro, de 69 anos, aparece na lista de 37 pessoas indiciadas pela PF na quinta-feira passada "pelos crimes de abolição violenta do estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa", segundo um comunicado.
Durante quase dois anos, a investigação colheu provas da "existência de uma organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder", acrescenta.
De acordo com a investigação, Bolsonaro discutiu um plano golpista com membros de seu governo e das forças armadas, inclusive antes de perder a reeleição em outubro de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva.
Bolsonaro acusa Moraes, a quem considera seu inimigo político e um "ditador", de agir fora da lei e nega as acusações.
"Da minha parte nunca houve discussão de golpe [...] A palavra 'golpe' nunca esteve no meu dicionário", disse Bolsonaro nesta segunda a jornalistas.
"Tem que estar envolvidas todas as forças armadas. Se não, não existe golpe. Ninguém vai dar golpe com general da reserva e meia dúzia de oficiais", acrescentou.
Entre os demais indiciados estão seu ex-ministro da Defesa e companheiro de chapa nas eleições de 2022, o general Walter Braga Netto, além de outros integrantes de seu governo, altos oficiais militares, policiais e políticos.
Em paralelo, as autoridades investigam outro esquema golpista que supostamente envolve o bolsonarismo.
Quatro militares, entre eles um ex-colaborador do ex-presidente, foram presos na semana passada por um suposto plano para matar Lula e dar um golpe em dezembro de 2022.
Três deles estão na lista dos 37 indiciados divulgada pela Polícia Federal.
Bolsonaro garantiu nesta segunda que "nunca" ouviu falar de nenhum complô para assassinar Lula.
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