A nova vice-presidente da Comissão Europeia, Teresa Ribera, agora ministra da Transição Ecológica, se consolidou nos últimos anos como uma figura política chave na Espanha e na Europa, graças à sua experiência em temas ambientais e sua capacidade de negociação.

Aos 55 anos, Tereza Ribera é amiga íntima do presidente do Governo, Pedro Sánchez, que destacou o impulso “sem precedentes” que ela deu “ao desenvolvimento das energias renováveis” na Espanha.

Além de ser vice-presidente-executiva da Comissão, chefiada por Ursula Von der Leyen, Ribera será titular de uma das suas principais pastas, a da Transição Limpa, Justa e Competitiva, com vistas a acelerar a aplicação do "Parto Verde" europeu, tema de um intenso cabo de guerra dentro da União Europeia.

Sua nomeação em Bruxelas, aprovada nesta quarta-feira (27) pelo Parlamento europeu, gerou polêmica na Espanha. O principal partido da oposição, o conservador Partido Popular (PP), tentou bloqueá-la, questionando sua gestão das inundações que mataram pelo menos 229 pessoas no leste de Espanha.

Sánchez respondeu que as críticas são "inverdades e manobras sobre as quais a verdade e as evidências acabaram triunfando”.

- Eloquência e perspicácia -

Nascida em 19 de maio de 1969, filha de mãe ensaísta e filósofa e pai professor de medicina, Teresa Ribera cresceu com as quatro irmãs em um bairro residencial de Madrid.

Formada em Direito e Ciência Política pela Universidade Complutense de Madri, Ribera iniciou sua carreira nos anos 90 no Ministério das Obras Públicas e Transportes, e posteriormente no Gabinete Espanhol de Alterações Climáticas.

Além disso, ela foi secretária de Estado para a Mudança Climática no segundo mandato do socialista José Luis Zapatero (2008-2011); em 2013 mudou-se para Paris para dirigir o escritório de ideias Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Relações Internacionais (Iddri).

Neste cargo, ela participou das discussões do Acordo de Paris (2015) contra as mudanças climáticas e integrou numerosos conselhos científicos. A experiência levou Pedro Sánchez a nomeá-la ministra da Transição Ecológica quando o socialista chegou ao poder em 2018.

Ribiera estabeleceu-se como um pilar do governo de esquerda e uma interlocutora apreciada em Bruxelas, onde seu perfil antinuclear provoca por vezes tensões com alguns parceiros, segundo uma fonte diplomática.

- Combativa -

“É uma pessoa que fala, escuta e está aberta a recolher propostas”, elogiou a diretora do Greenpeace Espanha, Eva Saldaña, em declarações à AFP. Tem “muito conhecimento dos assuntos”, o que tem permitido “avanços importantes”.

Em Bruxelas, Ribera desempenhou um papel-chave para desencadear uma delicada reforma no mercado da eletricidade no ano passado. Na Espanha, impulsionou o desenvolvimento do hidrogênio verde, proibiu a caça dos lobos e lançou um plano para salvar o Mar Menor, uma lagoa salgada ameaçada por nitratos agrícolas.

No entanto, sua gestão também foi alvo de críticas, principalmente dos agricultores e de outros setores econômicos. "Suas decisões foram marcadas por um viés ‘anti-agrário’, o que faz com que as pessoas desconfiem do papel que pode desempenhar em Bruxelas”, afirmou o sindicato agrícola Asaja.

A "falta de diálogo e a imposição foram a tônica do seu mandato”, acrescentou Asaja.

Combativa, Teresa Ribera não hesitou nos últimos anos em enfrentar os chefões do setor energético, como Ignacio Sánchez Galán (Iberdrola) e Josu Jon Imaz (Repsol).

Além disso, ela chegou a se posicionar contra a própria Ursula Von der Leyen por considerá-la muito tímida em questões ambientais. Tudo isto sugere relações delicadas dentro do futuro Executivo europeu.

Em seu depoimento perante os eurodeputados em 12 de novembro, Ribera enviou uma mensagem tranquilizadora ao se comprometer a combinar uma “firme vocação para fabricar mais e melhor em solo europeu” com a “luta por um planeta saudável e habitável”.

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