Os Estados Unidos anunciaram, nesta quarta-feira (27), sanções contra 21 funcionários do aparato de segurança e membros do gabinete do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, incluindo ministros, por cumprirem suas ordens "para reprimir a sociedade", com o objetivo de "se declarar fraudulentamente vencedor" das eleições.

O Escritório de Controle de Ativos Externos (Ofac) do Departamento do Tesouro sancionou funcionários da Guarda Nacional Bolivariana (GNB), que utilizou "suas armas de fogo para reprimir os manifestantes, prender e agredir menores, e realizar prisões arbitrárias", da Polícia Nacional Bolivariana (PNB), da Milícia Bolivariana, do Serviço de Inteligência (Sebin) e da Direção de Contra-inteligência Militar (Dgcim). 

Entre outros, destacam-se os chefes do serviço de inteligência, Alexis José Rodríguez Cabello, do Dgcim, o general Javier José Marcano Tábata, e da polícia nacional, o general Rubén Santiago. 

A Sebin e a Dgcim são frequentemente responsáveis pelas prisões de ativistas opositores por acusações de "conspiração" contra o governo de Maduro. Ambos os órgãos foram questionados por organizações de direitos humanos e pela missão de especialistas da ONU encarregada de investigar abusos na Venezuela. 

A Polícia Nacional atua, por sua vez, no controle de manifestações e eventos de ordem pública.  

As sanções visam vários ministros como o das Comunicações, Freddy Ñáñez, um dos propagandistas do regime, presente em quase todas as intervenções de Maduro, o ministro do Gabinete da Presidência, o contra-almirante Aníbal Coronado Millán, o Ministro do Planejamento, Ricardo Menéndez, e o do Serviço Penitenciário, Julio García Zerpa.  

Daniella Desiree Cabello, filha do ministro do Interior Diosdado Cabello, também foi incluída. Desde setembro está à frente da Agência de Promoção de Exportações, que na prática substitui a autoridade de controle cambial que vigorou na Venezuela por mais de 15 anos. 

- Restrição de vistos -

"Esses indivíduos apoiaram e executaram as ordens de Maduro para reprimir a sociedade civil em seus esforços para se declarar fraudulentamente vencedor das eleições presidenciais da Venezuela de 28 de julho", afirma o Tesouro em um comunicado. 

Dessa forma, ignoram "a vontade da esmagadora maioria dos eleitores venezuelanos que escolheram Edmundo González Urrutia como seu próximo presidente", acrescenta. 

A oposição reivindicou a vitória de González Urrutia afirmando que possuíam 80% das cópias das atas de votação. A eclosão dos protestos contra Maduro deixou 28 mortos, 200 feridos e mais de 2.400 presos. 

O opositor está exilado na Espanha, mas garantiu que tomará posse como presidente em 10 de janeiro na Venezuela.

Paralelamente, o Departamento de Estado impôs restrições de visto a "indivíduos alinhados com Maduro". 

Com estas medidas, quase 2.000 pessoas são afetadas por restrições de visto até o momento. 

As sanções implicam no "bloqueio da propriedade e a suspensão da entrada" nos EUA de "atuais ou ex-funcionários" do governo venezuelano, segundo o Tesouro. 

"Não se trata simplesmente de responsabilizar Nicolás Maduro", mas sim os funcionários "que agem ilegalmente para manter este regime baseado em táticas repressivas", declarou a jornalistas um funcionário do governo que pediu anonimato.

- Licenças petrolíferas -

Washington segue sem mexer nas licenças petrolíferas, apesar de a líder opositora venezuelana, María Corina Machado, insistir neste pedido. 

A indústria petrolífera da Venezuela é alvo de sanções desde 2019, mas Washington concede licenças individuais para que várias empresas operem no país, como a americana Chevron. 

"Isso é algo que estamos revisando continuamente enquanto buscamos alcançar nossos objetivos de política externa na Venezuela", afirmou o funcionário. 

"Porque não tomamos nenhuma ação até agora não significa que não tomaremos no futuro", explicou a jornalistas outro funcionário, que também pediu anonimato. 

Nos últimos dias, a pressão internacional sobre o chavismo aumentou. 

O G7, formado por EUA, Canadá, Itália, Alemanha, Reino Unido, Japão e França, considerou González Urrutia o vencedor das eleições.  

Isto levou Maduro, reeleito para um terceiro mandato (2025-2031) sem apresentar os detalhes dos registros eleitorais, a considerar a revisão das relações com estes países. 

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