Embarcações "semissubmersíveis" viajam da Colômbia para a Austrália transportando cocaína, através de uma nova rota do narcotráfico no Pacífico, revelou nesta quarta-feira (27) a Marinha colombiana, ao divulgar o balanço de uma operação internacional contra as drogas.

No contexto da 14ª versão da operação Orion, que uniu entre outubro e novembro forças de segurança de mais de 60 países, autoridades apreenderam na costa do México uma embarcação semelhante a um submarino que viajava em direção à costa australiana com cinco toneladas de cocaína.

A apreensão levou a Marinha do país sul-americano a concluir que existe uma "nova linha" do narcotráfico procedente da Colômbia, segundo o vice-almirante Orlando Enrique Grisales. Antes dessa operação, militares colombianos haviam identificado outras duas embarcações semelhantes com destino à Austrália, acrescentou Grisales, sem citar datas.

Participaram da operação Orion agências de Brasil, Estados Unidos, Espanha e Holanda, entre outros países, que conseguiram apreender 1.400 toneladas de drogas, 225 delas de cocaína. Mais de 400 pessoas foram presas.

- Preços mais altos -

Trata-se de "uma rota cada vez mais lucrativa, porque os preços [de venda das drogas] são muito mais altos na Austrália", explicou à AFP uma fonte europeia responsável por assuntos de segurança, que confirmou a existência de um novo corredor "com base no 'modus operandi' dos semissubmersíveis, que viajam cada vez mais longe".

"A princípio, essas embarcações eram usadas principalmente para retirar a droga, afastá-la da costa colombiana e transferi-la para os navios. Observamos que esses semissubmersíveis estão cada vez mais sofisticados, com uma engenharia muito detalhada", destacou a fonte.

Segundo Grisales, os semissubmersíveis são construídos com "madeira revestida de fibra de vidro", atingem até três metros de profundidade e transportam, no geral, quatro tripulantes, podendo custar até US$ 1 milhão (R$ 5,9 milhões).

Uma viagem da Colômbia para a Austrália leva cerca de duas semanas. A Marinha colombiana trabalha com autoridades da Austrália para identificar quem está por trás do negócio, informou o militar.

O uso dessas embarcações está amplamente documentado na Colômbia, maior produtor de cocaína do mundo. Traficantes recorrem a elas há décadas para levar a droga para os Estados Unidos, embora sua fabricação seja ilegal.

Os países que participaram da operação Orion também identificaram alianças entre grupos criminosos de Brasil, México, Colômbia, Equador e Peru com máfias da Europa e Oceania, uma mudança organizacional no mercado global da cocaína.

"Não é apenas uma estrutura piramidal, como foram os cartéis em sua época. Hoje, são redes do crime organizado que se associam", ressaltou Grisales.

Em 2023, a produção dessa substância disparou 53%, para 2.600 toneladas por ano, segundo a ONU.

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