A ex-presidente da Argentina, Cristina Kirchner (2007-2015), presidirá o Partido Justicialista, de orientação peronista e principal força de oposição ao ultraliberal Javier Milei, após a justiça invalidar a única lista concorrente para as eleições internas da formação, informaram fontes judiciais nesta sexta-feira (1º).  

Uma juíza federal ratificou a decisão da Junta Nacional Eleitoral, que invalidou a única lista que competia com a de Kirchner para dirigir o Partido Justicialista, pela ausência dos comprovantes necessários para se candidatar às eleições internas desta formação, segundo o veredito divulgado pela imprensa.     

Dessa forma, Kirchner, que também foi vice-presidente durante o governo de Alberto Fernández (2019-2023), será a candidata única para dirigir o principal partido do peronismo (centro-esquerda) e primeira força em ambas as câmaras do Congresso.             

Kirchner tem se mostrado uma firme opositora às políticas de ajuste de gasto público e desregulação da economia de Milei, que estão sendo implementadas em uma Argentina em recessão, com 52,9% da população abaixo da linha da pobreza e uma inflação interanual de 209%.

Os dois políticos trocaram farpas em diversas oportunidades na rede social X, e Kirchner já o acusou, entre outras coisas, de querer matá-la, devido a uma declaração em que Milei disse que colocaria "o último prego no caixão do kirchnerismo com Cristina dentro".

O presidente argentino assegurou que se tratava de uma metáfora, mas o comentário foi particularmente sensível, considerando a tentativa de assassinato que a ex-mandatária sofreu em 1º de setembro de 2022, quando um homem se aproximou dela na rua e apontou uma arma para seu rosto, sem conseguir efetuar o disparo.

As eleições do partido estão programadas para 17 de novembro, mas, sendo uma lista única, é possível que Kirchner seja proclamada vencedora antes desta data.

A lista impugnada era liderada pelo governador de La Rioja (noroeste), Ricardo Quintela, que contava com o apoio do apadrinhado político de Kirchner e governador de Buenos Aires, Axel Kicillof.

A Câmara de Cassação Penal do país deve ratificar ou não a condenação da ex-presidente a seis anos de prisão por corrupção, pena imposta em primeira instância em 6 de dezembro de 2022.            

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