É uma espécie de grande final de temporada. Seguidores do candidato republicano à Casa Branca, Donald Trump estão chegando ao estado-chave de Michigan, entusiasmados com a uma última oportunidade de ver o repertório de seu campeão um dia antes das eleições, e totalmente convencidos de sua vitória.

"Se você vê a quantidade de gente nos comícios é uma loucura o apoio que Trump tem", disse à AFP Mark Perry, de 65 anos, funcionário de uma companhia telefônica em Indiana.

"Se o resultado for diferente, acho que ficaremos muito desconfiados", disse à AFP em frente ao estádio Van Andel Arena de Grand Rapids, com capacidade para 12 mil pessoas, onde os seguidores de Trump aguardavam com capas impermeáveis e cadeiras dobráveis.

Entre os temas que mais lhes preocupam estão imigração, inflação, a ampliação das restrições ao aborto e o fim das transições de gênero entre os jovens.

Contudo, além de suas posições sobre cada tema, compartilham um profundo ceticismo sobre a possibilidade de que ocorra uma vitória legítima da candidata democrata Kamala Harris, apesar de as pesquisas mostrarem um empate técnico entre ambos.

"Seria muito difícil de aceitar", disse Jacob Smith, de 41 anos, um técnico de ar-condicionado, enquanto sua esposa Danielle afirma estar preocupada com supostas irregularidades nas máquinas de votação em Michigan.

Embora não haja provas, Trump aumentou as denúncias de fraude eleitoral desde a sua derrota em 2020 para o presidente Joe Biden, e antes da votação de 5 de novembro.

Em uma pesquisa de outubro feita pela rádio pública NPR, 88% dos eleitores que apoiam Trump estão preocupados com uma eventual fraude, enquanto 29% dos que apoiam Kamala compartilham essa mesma inquietação. Para a maioria dos eleitores, diante de uma derrota, Kamala a aceitaria e Trump não, segundo levantamento da Pew Research.

Desde muito cedo pela manhã, começaram a se formar filas, apesar de as portas só abrirem depois das 18h30 locais. Espera-se que o ex-presidente se dirija à multidão com a noite já avançada.

Grand Rapids, a segunda maior cidade do Michigan, tem um significado especial para Trump: foi cenário da grande final da campanha de 2016, quando conseguiu a vitória, e novamente em 2020, quando perdeu para Biden.

- 'Um momento tipo 1776' -

Para Jeff Dickerson, um reparador de 70 anos de Bonita Springs, Flórida, este é o oitavo evento ao qual comparece em apoio a Trump, incluindo a manifestação de 6 de janeiro de 2021 contra a proclamação da vitória eleitoral de Biden.

"Sou um seguidor ferrenho de Trump", disse, e mencionou o fluxo de imigrantes irregulares na fronteira sul dos Estados Unidos como sua principal preocupação.

Dickerson chegou com seu sobrinho Nigel Mahabir, psiquiatra de 48 anos, que se disse maravilhado pela natureza histórica do momento.

"Sinto como se fosse um momento tipo 1776", disse, em referência à data da Declaração de Independência dos Estados Unidos.

"Se fizermos isso direito, e colocarmos Trump na Casa Branca, ele vai trazer [J.D.] Vance, Elon Musk, RFK [Robert Kennedy], vai trazer Tulsi [Gabbard]: esse é o Time dos Estados Unidos."

Uma das principais preocupações de Mahabir é o "o movimento para introduzir crianças em idade precoce ao procedimento de redesignação de gênero" e seu impacto na "saúde mental de nossas crianças".

Ruth McDowell, auxiliar administrativa de 65 anos em uma universidade local, pensa igual.

"Querem que as crianças possam dizer o que quiserem sobre corpos quando realmente nem sequer sabem o que estão fazendo", declarou à AFP, e se mostrou consternada pelo futuro de seus netos em caso de vitória de Kamala Harris.

Chuck Lu, um imigrante chinês e proprietário de uma pequena empresa em Chicago, disse que este era seu terceiro evento acompanhando Trump, e que não acredita que Kamala possa ganhar legitimamente.

"Se, Deus me livre, ela se tornar presidente, será alguém empossado, mas não eleito."

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