FOLHAPRESS - A eleição de Donald Trump provocou um crescimento nas ações das empresas de comunicação americanas de capital aberto, mostra um levantamento feito pela revista britânica Press Gazette. É um sinal de que o mercado aposta agora no crescimento econômico da mídia tradicional durante o segundo mandato do republicano.


 

Em geral, a valorização da imprensa, entre canais de televisão, jornais, revistas e sites, ficou acima do índice S&P 500, que analisa o desempenho do mercado dos EUA. A New York Times Company, do jornal The New York Times, registrou um aumento de 6,4% nas ações desde a segunda-feira (4). Seu valor caíra, com o relatório de lucros do terceiro trimestre, para US$ 55,80 (cerca de R$ 320). A Local Gannett, que controla o jornal USA Today, teve um salto de 12% nas ações. Entretanto, seu preço de mercado caiu no terceiro semestre, uma perda de US$ 19 milhões (quase R$ 110 milhões).

 

Já a IAC, controladora do Daily Beast e da Dotdash Meredith, viu suas ações subirem 10% entre segunda e quinta-feira. Em comparação com o mês anterior às eleições, o crescimento foi de 5,6%. A News Corporation e a Fox Corporation, ambas empresas do magnata Rupert Murdoch, também registraram aumentos, porém menores em relação aos dos meios de comunicação identificados com o Partido Democrata.

 

 

A valorização da mídia tradicional se deve, também, à necessidade de checar fatos, em governos que disseminam a desinformação. Trump é conhecido por seu comportamento hostil em relação à imprensa. Dois dias antes da apuração, ele atacou, num discurso, algumas das principais emissoras de TV dos EUA. O republicano eleito afirmou que a CNN e a MSNBC fazem parte do seu campo inimigo. "Para me vencer, precisam disparar notícias falsas contra mim. Eu não me importo com isso", disse.

 

Em outro, Trump atacou a CBS News afirmando que a emissora havia editado uma entrevista de 60 minutos com a oponente Kamala Harris para "encobrir a fraqueza da 'salada de palavras' de Kamala". Ele disse que pretendia retirar licenças de transmissão dos canais que, em sua visão, o tratam com injustiça.

 

 

Ex-conselheiro do Conselho de Segurança Nacional de Trump, Kash Patel, cotado para cargos na nova administração, já havia insistido que um novo governo republicano processaria jornalistas por ajudarem Joe Biden a "fraudar as eleições presidenciais". Segundo a Press Gazette, a mídia tradicional americana registrou um aumento no número de assinantes durante o primeiro mandato de Trump. Resta, no entanto, saber se o fenômeno se repetirá.

 

No momento, há um debate sobre a influência da imprensa na realidade dos Estados Unidos. De acordo com uma pesquisa da Universidade Northeastern, esse poder está diminuindo. No caso de eleitores de Kamala, 35% citam amigos, família e redes sociais como principais fontes de informação para decidir seu voto na eleição, e 32% apontam a imprensa. Já entre eleitores de Trump, 42% dizem se informar por meio meio de amigos e das redes sociais -apenas 23% acompanham a mídia tradicional.

 



 

Em uma reportagem, a revista britânica The Wire mostrou que, na reta final da campanha, Trump passou longas horas em podcasts apresentados por conservadores. Esse canal serviu ao presidente eleito para humanizar a sua figura e chegar a um eleitorado jovem e apolítico.

 

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Há duas semanas, o comediante Joe Rogan, conhecido por ser o maior podcaster do mundo, conversou por mais de três horas com Trump, de quem é apoiador. Segundo o Spotify, Joe Rogan Experience soma 5,5 bilhões de visualizações. No YouTube, ele acumula 18,3 milhões de inscritos. Ao saber dos resultados das eleições, Rogan escreveu um palavrão no X, compartilhado 33 mil vezes na internet. Há dois anos, o comediante espalhou afirmações falsas sobre a pandemia e foi cancelado por parte do público

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