Os seis candidatos à vice-presidência da Comissão Europeia, incluindo a espanhola Teresa Ribera, serão sabatinados pelos eurodeputados nesta terça-feira (12), em sessões que trarão à tona as divisões políticas do bloco.
As audiências do dia incluem também o italiano Raffaele Fitto e a estoniana Kaja Kallas, dois dois seis candidatos a vice-presidentes da Comissão, um posto de alta relevância estratégica.
Kallas, de 47 anos e muito crítica à Rússia, foi nomeada para ser a futura chefe da diplomacia da UE, em substituição ao espanhol Josep Borrell.
A ex-primeira-ministra da Estônia não demorou a deixar claro uma de suas prioridades: que a UE apoie a Ucrânia "o tempo que for necessário" para se defender da invasão russa.
Enquanto isso, Fitto foi indicado para ser o comissário europeu para Coesão e Reformas, embora suas relações com o governo de extrema direita de seu país levantem dúvidas sobre a aprovação de seu nome.
Ribera, que foi indicada para o cargo de comissária europeia para Transição Justa e Limpa, sofreu a oposição de deputados de extrema direita.
O eurodeputado francês Stéphane Séjourné (Estratégia Industrial), a eurodeputada búlgara Roxana Minzatu (População, Habilidades e Prontidão) e a eurodeputada finlandesa Henna Virkunen (Segurança e Democracia) também serão sabatinados.
As atenções estão voltadas para as audiências de Fitto e Ribera.
Os partidos de centro e de esquerda do Parlamento Europeu estão questionando a decisão da presidente da Comissão, Ursula von der Leyen, de dar à Itália, governada pela extrema direita, uma vice-presidência.
Para esses blocos, a nomeação destaca o crescimento da extrema direita no bloco e viola o acordo político que permitiu a reeleição de Von der Leyen em julho.
- Equilíbrio delicado -
Os legisladores pertencentes ao bloco Socialistas e Democratas (centro-esquerda) estão ameaçando inclusive votar contra a sessão plenária na qual todos os comissários europeus devem ser confirmados em bloco se Fitto não for removido do grupo de vice-presidentes.
Os Reformistas e Conservadores (ECR, leais à primeira-ministra italiana Giorgia Meloni), de extrema direita, tentaram se conter durante o interrogatório dos primeiros 20 candidatos há uma semana.
Enquanto isso, a espanhola Ribera, uma das figuras politicamente mais relevantes entre os indicados para a Comissão Europeia, enfrenta resistência da direita, já que ela estaria encarregada de um enorme portfólio com amplas responsabilidades ambientais.
Ribera, 55 anos, ex-vice-presidente do governo de Pedro Sánchez, provavelmente será questionada por sua posição contrária à energia nuclear.
Espera-se também que ela tente tranquilizar os céticos de direita sobre seu compromisso de combinar metas climáticas com crescimento econômico.
Ela também deverá ser questionada sobre a resposta de seu governo às inundações devastadoras na região de Valência.
A Comissão aplica a legislação da UE em questões fundamentais, como comércio, concorrência e tecnologia.
Cada estado da UE indicou um funcionário para fazer parte do órgão.
Os vice-presidentes têm competências específicas, mas também têm a tarefa de coordenar o trabalho de outros comissários encarregados de assuntos relacionados.
Von der Leyen, que conta como representante da Alemanha, atribuiu pastas com base em sua experiência pessoal, assim como em sua influência política e nacional.
As audiências oferecem ao parlamento uma oportunidade de flexionar seus músculos contra o poder executivo do bloco, e pelo menos um candidato foi excluído pelos parlamentares durante o exercício de cinco anos desde 2004.
A equipe iniciará um mandato de cinco anos no início de dezembro.
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