Quando começaram, os músicos da Orquestra de Kinshasa tinham apenas cinco violinos, que tocavam alternadamente. Trinta anos depois, este conjunto sinfônico congolês pioneiro no continente africano conta com cerca de 200 instrumentistas, um coro e se apresenta em todo o mundo.
Armand Diangienda, um maestro de orquestra e músico autodidata de 60 anos, aspirava a ser piloto de avião até que seu pai, Joseph, pediu-lhe em 1985 para que reunisse grupos musicais da Igreja Kimbanguista da República Democrática do Congo.
Este movimento religioso, que tem milhões de seguidores no país, foi fundado em 1921 pelo avô de Armand, Simon Kimbangu.
A orquestra fez sua primeira apresentação há quase 30 anos, em dezembro de 1994. No final deste mês de novembro, eles farão um concerto em Kinshasa para comemorar o aniversário.
"A princípio, tudo isso não passava de um sonho", contou Armand Diangienda à AFP em um estúdio na capital congolesa.
No início, alguns músicos amadores recrutados pela orquestra não sabiam nem mesmo ler partituras e a equipe tinha poucos recursos à sua disposição.
"Quando uma corda quebrava, nós a substituíamos por um cabo de freio de bicicleta. Não havia lojas de instrumentos aqui. Não sabíamos como comprar um violino, como comprar uma corda", conta ele.
- "Pequeno tesouro" -
A criação da Orquestra Kimbanguista faz parte da turbulenta história do país, diante da primeira guerra congolesa (1996-1997) e seguido pela segunda (1998-2003), envolvendo nove países africanos e cerca de 30 grupos armados.
"Era realmente muito difícil naquela época", lembra Pauleth Massamba, de 43 anos, uma das primeiras integrantes da orquestra.
No início, ela queria ser violoncelista, mas como confundiu as palavras e não tinha certeza de como era o instrumento que estava procurando, acabou escolhendo um violino.
Depois de 30 anos juntos, ela agora diz que leva seu "pequeno tesouro" "para todos os lugares".
A Orquestra Kimbanguista, cujo repertório inclui grandes compositores clássicos, vem se destacando em Cuba.
"As pessoas acham que a música clássica é para os europeus", diz Dauphine Mata, violinista da orquestra há cerca de 15 anos, que se lembra dos dias em que tocava para um público relativamente pequeno.
Entretanto, à medida que continuam tocando, "as pessoas apreciam mais", comemora.
Em 2010, o documentário Kinshasa Symphony, que narra a vida cotidiana de vários instrumentistas e coristas do conjunto, ajudou a dar visibilidade internacional ao grupo.
Durante suas viagens para tocar no exterior, os músicos congoleses conheceram grandes estrelas como Lionel Richie, Herbie Hancock e Paula Abdul, diz Armand Diangienda.
"Estou muito feliz, porque fomos pacientes e perseveramos", comemora o diretor da orquestra.
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