O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a diretora-geral da Unesco, Audrey Azoulay, propuseram nesta quinta-feira (14) que as dívidas dos países pobres sejam transformadas em recursos para a educação, com o objetivo de romper o círculo vicioso de subdesenvolvimento nessas nações.
É possível romper a "crise tripla" de "pobreza, educação e dívida", que afeta principalmente os países de renda baixa, "por meio da solidariedade internacional e de mecanismos de financiamento inovadores", escreveram em uma coluna publicada pelos jornais O Globo e Le Monde (França).
Às vésperas da cúpula do G20 no Rio de Janeiro, Lula e Azoulay apresentaram uma proposta-chave: "a conversão da dívida em investimentos na educação" nos países mais pobres.
"Esse marco permitiria que os países mais vulneráveis ao superendividamento negociassem, de maneira justa e transparente, o perdão de determinadas dívidas em troca do compromisso de investir os mesmos valores em educação", argumentaram, inspirados por iniciativas similares já realizadas em escala bilateral, como, por exemplo, entre Peru e Espanha, Indonésia e Alemanha, ou Camarões e França.
Para desenvolver tais iniciativas a escala internacional, contam especialmente com o envolvimento dos Estados e de "fóruns como o G20", formado pelos principais países avançados e emergentes do planeta.
Este chamamento acontece quando "251 milhões de crianças e jovens em todo o mundo ainda não têm acesso à escolarização", segundo a coluna, na qual detalham que 33% delas estão "nos países de renda baixa".
"A educação é uma das alavancas mais poderosas para reduzir a pobreza no mundo e alcançar mais equidade e inclusão", sustentam Lula e Azoulay.
Segundo eles, em 2022, os custos da dívida atingiram um valor comparável ao dos orçamentos da educação pública no continente africano. Nesse mesmo ano, a proporção de ajuda pública para o desenvolvimento dedicada à educação caiu para 7,6%, em comparação com 9,3% em 2019, de acordo com a mesma fonte.
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