O presidente francês, Emmanuel Macron, prestará homenagem neste domingo (17) em Buenos Aires às vítimas da ditadura militar argentina, algumas delas francesas, antes de se reunir com o presidente Javier Milei, um crítico do consenso das organizações de direitos humanos sobre essa etapa sombria da história do país sul-americano. 

Macron chegou à capital argentina na noite de sábado e teve um jantar de trabalho com Milei, um ultraliberal que admira Donald Trump.

De acordo com o Palácio do Eliseu, sede da presidência francesa, o objetivo declarado da visita de Macron é tentar "conectar o presidente Milei com as prioridades do G20", fórum do qual ambos os líderes participarão na segunda e terça-feira em Rio de Janeiro.

"Nem sempre pensamos da mesma forma sobre muitos temas, mas é muito útil debater" antes do G20, disse o chefe de Estado francês, um fervoroso defensor do multilateralismo, em um vídeo publicado no TikTok no sábado.

Milei, cético em relação ao aquecimento global, retirou na quarta-feira a delegação de seu país da conferência sobre mudanças climáticas da ONU (COP29) em Baku e especula-se sobre sua possível saída do Acordo Climático de Paris, algo que Trump fez durante seu primeiro mandato (2017-2021).

Antes de se reunir novamente com Milei na Casa Rosada neste domingo, Macron e sua esposa Brigitte prestarão homenagem a quase 20 franceses desaparecidos e assassinados durante a ditadura (1976-1979) e depositarão uma coroa de flores ao pé da Igreja da Santa Cruz, um memorial da resistência.

Em dezembro de 1977, 12 pessoas, entre elas várias fundadoras das Mães da Praça de Maio e as freiras francesas Léonie Duquet e Alice Domon, foram sequestradas, torturadas, assassinadas e jogadas ao mar após se reunirem nesta igreja. 

Milei, assim como sua vice-presidente, Victoria Villaruel, que vem de uma família militar, foram acusados de revisionismo por organizações de defesa dos direitos humanos.

Ambos defendem a teoria de que este episódio da história argentina foi uma guerra em que ambas as partes tiveram igual responsabilidade e relativizam o número de desaparecidos, que calculam em menos de 9.000, em vez dos 30.000 de consenso até agora.

- Viagem de negócios -

Durante seu giro pela América Latina, onde também visitará o Chile, Macron explicará aos países do Mercosul, entre os quais estão Argentina e Brasil, por que se opõe à assinatura de um acordo de livre comércio entre o bloco sul-americano e a União Europeia.

Os agricultores franceses planejam protestar nos próximos dias contra esse tratado, que a Comissão Europeia, apoiada por vários países como Alemanha e Espanha, espera assinar até o final do ano. Entre outras coisas, temem a competição de produtos que não estão sujeitos às rigorosas normas ambientais e sanitárias em vigor na Europa.

Paris também pretende aprofundar as relações econômicas com a Argentina, especialmente no setor de metais críticos, já que o grupo minerador Eramet acaba de inaugurar uma mina de lítio no país sul-americano.

Também se espera que Macron tente avançar na possível venda dos submarinos franceses Scorpène, embora a Presidência francesa relativize o estado dessas negociações. 

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