O segundo mandato de Donald Trump promete novidades para a indústria de tecnologia americana, imersa em um frenesi de inteligência artificial (IA), criptomoedas e tensão devido a disputas antitruste.
Musk
Elon Musk, o homem mais rico do mundo, deve ter um papel central na política de Trump para o Vale do Silício, após dar impulso ao financiamento da campanha do republicano.
Trump ofereceu a Musk um cargo em seu governo para reorganizar a administração federal, e ele deve ter influência na regulamentação do setor de tecnologia, ao qual pertencem suas empresas.
Diretores
Diferentemente da cautela inicial demonstrada na primeira eleição de Trump, em 2016, desta vez os titãs da tecnologia não demoraram a se manifestar. "Felicitações ao nosso presidente número 45 e, a partir de agora, presidente número 47, por seu retorno político extraordinário e sua vitória decisiva", publicou no X Jeff Bezos, fundador da Amazon.
A posição de Bezos era clara desde que ele proibiu em seu jornal, o influente Washington Post, o apoio à democrata Kamala Harris, uma decisão vista como uma tentativa de evitar atritos, diante de um eventual retorno de Trump ao poder.
Tim Cook, diretor da Apple, felicitou o presidente eleito, assim como Mark Cuban, milionário da tecnologia, que apoiou Kamala.
Mark Zuckerberg, chefe da Meta, também parabenizou Trump, com quem tentou reatar laços nos últimos meses. Trump critica o fundador do Facebook por tê-lo excluído temporariamente da plataforma no começo de 2021, por apoiar os invasores do Capitólio naquele ano.
Todos os titãs das empresas de tecnologia buscam a saída de Lina Khan, diretora da Comissão Federal de Comércio, que supervisiona as questões de concorrência. Lina foi nomeada pelo presidente Joe Biden e avança em uma política para frear a expansão sem limites dos impérios da tecnologia.
Inteligência artificial
Um dos principais desafios da indústria é a regulamentação da IA. Desde que a empresa OpenAI impulsionou a inteligência artificial generativa, com o lançamento do ChatGPT, o poder e potencial dessa tecnologia desencadeia paixões, do entusiasmo à preocupação.
Joe Biden assinou um decreto que estabelece padrões optativos para a segurança da IA, com ênfase na proteção da vida privada e na luta contra a discriminação e o preconceito. Esse decreto pode ser revisado ou anulado seguindo recomendações de empresários libertários, que temem regulamentações que asfixiem a inovação.
Criptomoedas
É quase certo que Trump vá agir em favor dos criptoativos, depois que magnatas das moedas digitais contribuíram generosamente com a sua campanha.
Em seu primeiro mandato, Trump chamou os criptoativos de fraude, mas depois mudou radicalmente de posição, chegando a lançar sua própria criptomoeda.
O republicano deve tentar afastar Gary Gensler, cético em relação às criptomoedas, que preside a comissão responsável pela regulação dos mercados financeiros e é detestado pelas empresas do setor.
TikTok
O destino do TikTok também pode mudar. Segundo uma lei promulgada por Biden, a empresa chinesa Bytedance, dona do aplicativo, tem até janeiro para se desvincular dele nos Estados Unidos. Mas Trump, que havia tentado proibir a plataforma, agora se opõe a isso, por considerar que apenas favoreceria o Instagram e o Facebook.
Microchips
O presidente eleito também falou em derrubar a lei Chips, sobre esses componentes eletrônicos essenciais, fabricados, principalmente, na Ásia. Trump buscará substituir os subsídios de Biden a essa indústria por tarifas agressivas, a fim de forçar as empresas a fabricá-los nos Estados Unidos.
O analista Jack Gold alertou para esse enfoque, ressaltando que "as tarifas são uma sanção, e não um incentivo, e não serão suficientes para recuperar a produção americana de microchips”.