A campanha de Donald Trump para nomear pessoas leais ao magnata em postos estratégicos de sua futura administração sofreu seu primeiro revés nesta quinta-feira (21), com a desistência de Matt Gaetz, escolhido para chefiar a pasta de Justiça.

De todas as indicações anunciadas pelo presidente eleito dos Estados Unidos, a do congressista republicano era provavelmente a mais polêmica, tanto por sua personalidade como por sua falta de experiência jurídica.

Mas a lista também inclui o ex-militar e apresentador de televisão conservador Pete Hegseth, indicado para comandar o Pentágono, que teria feito pagamentos a uma mulher para que retirasse uma acusação de agressão sexual e ostenta tatuagens inspiradas nas cruzadas.

Ou a ex-democrata Tulsi Gabbard, escolhida por Trump para o cargo de diretora de inteligência nacional, suspeita de simpatizar com os russos.

"Ontem, tive reuniões excelentes com senadores", escreveu Gaetz na rede social X. "Apesar do forte apoio, está claro que minha confirmação estava se transformando injustamente em uma distração para o trabalho crítico da transição", acrescentou.

"Não há tempo a perder em uma luta desnecessariamente longa em Washington, por isso vou desistir do processo de indicação para secretário de Justiça."

Investigado pela Câmara dos Representantes por supostos crimes sexuais, entre outras coisas, Gaetz renunciou ao cargo de congressista em 13 de novembro, pouco depois de Trump anunciá-lo para comandar um departamento que considera especialmente hostil.

- 'Respeito' -

O presidente eleito confirmou a desistência em sua plataforma Truth Social. Também manifestou seu "respeito" pela decisão de Gaetz, para quem previu um "futuro brilhante".

O influente senador republicano Lindsey Graham recebeu com satisfação a desistência de Gaetz em uma publicação no X. Também se disse disposto a "trabalhar com o presidente Trump em futuras opções para cobrir rapidamente este posto importante".

A renúncia de Gaetz como congressista põe fim à investigação contra ele na comissão de ética da Câmara dos Representantes por supostamente pagar por sexo, inclusive com uma menor de idade, o que ele nega, além de consumo ilegal de drogas, desvio de recursos de campanha e diversas faltas profissionais.

Os líderes republicanos, entre eles o presidente da Câmara Mike Johnson, afirmam que o relatório da comissão não é mais relevante porque a investigação foi encerrada.

No entanto, congressistas dos dois partidos pediram que o relatório fosse pelo menos enviado ao Senado.

Em uma reunião a portas fechadas realizada na quarta-feira, ambas as partes foram incapazes de chegar a um acordo sobre como proceder com a investigação.

Gaetz é acusado de ter mantido uma relação sexual com uma menor de 17 anos, o que ele nega, e foi alvo de uma investigação federal que foi arquivada.

A investigação da comissão de ética iniciada em 2021 se concentra nas acusações de comportamento sexual inapropriado - a prostituição é ilegal na Flórida - e consumo de drogas.

O inquérito parlamentar foi interrompido assim que teve início a investigação federal e retomado quando esta foi arquivada em 2023.

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