O México proporá aos Estados Unidos e ao Canadá um plano para substituir as importações chinesas no âmbito do tratado comercial da América do Norte (T-MEC), informou o governo mexicano nesta sexta-feira (22).

A iniciativa, na qual o México trabalha há três anos, surge em um contexto de incerteza pelas guerras comerciais que a chegada de Donald Trump à Casa Branca poderia causar, com suas ameaças de aumentar as tarifas alfandegárias às importações chinesas e vindas de seu parceiro do sul.

Também aparece em um momento em que o Canadá manifestou "preocupação" com os investimentos chineses no país latino-americano.

Ao anunciar o plano, o secretário da Fazenda, Rogelio Ramírez de la O, disse que só no caso do México o déficit comercial com a China chega a 80 bilhões de dólares (R$ 465 bilhões).

O projeto estima os "benefícios" de Canadá, Estados Unidos e México começarem a produzir mais do que compram da China ou da Ásia no geral, assinalou Ramírez de la O na habitual coletiva de imprensa da presidente Claudia Sheinbaum.

Essa proposta "está agorinha sobre a mesa" e é um dos projetos que o México vai levar em conta para a "integração norte-americana", acrescentou.

Segundo o secretário, o plano já tinha sido proposto pelo presidente mexicano anterior, Andrés Manuel López Obrador, a seu contraparte americano, Joe Biden, mas voltou a ganhar força diante de um maior "grau de consciência (...) sobre o desequilíbrio da balança [comercial] com a China".

Durante a campanha presidencial, Trump advertiu que poderia impor uma tarifa alfandegária de 60% às importações chinesas e de 25% às procedentes do México, principal parceiro comercial dos Estados Unidos.

No caso mexicano, o presidente eleito americano defende a medida como forma de pressionar as autoridades a frear a imigração ilegal e o tráfico de drogas para os Estados Unidos.

Trump também assegurou que "a China está construindo enormes fábricas de automóveis" no México e "vão vendê-los nos Estados Unidos".

Por sua vez, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, advertiu esta semana que há "preocupações reais (...) sobre o investimento chinês no México". "É possível que tenhamos que considerar outras opções", afirmou.

A próxima revisão do T-MEC está prevista para 2026.

Nesta sexta, durante sua coletiva, Sheinbaum reforçou a importância do T-MEC e enfatizou que as reuniões que seu governo terá com as equipes de Trump e Trudeau vão "demonstrar claramente como é falsa a ideia de que [os produtos chineses] estão entrando pelo México".

Sheinbaum assegurou, em particular, que os veículos montados no México "têm apenas 7% de conteúdo de produtos que vêm da China", enquanto nos Estados Unidos estes componentes representam 9%.

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