O acordo financeiro alcançando após duras negociações na COP29 de Baku foi "imperfeito" por causa da falta de flexibilidade dos países ricos, segundo o presidente da conferência, o azeri Mukhtar Babayev, em declarações publicadas nesta terça-feira (26). 

O controverso acordo, assinado no domingo, estipula que os países ricos e poluidores doarão 300 bilhões de dólares (1,7 trilhão de reais) por ano aos países em desenvolvimento até 2035 para ajudá-los a reduzir suas emissões e se preparar para os impactos cada vez mais perigosos de um mundo em aquecimento.

Em um artigo publicado no jornal britânico Guardian, Babayev reconheceu que o acordo é insuficiente para atender às necessidades desses países e sugeriu que a China estaria disposta a contribuir com mais dinheiro se outros países também o fizessem.

Os maiores emissores históricos, responsáveis por grande parte da riqueza mundial, foram “inamovíveis” até bem tarde no processo de negociação, disse ele.

“Esse acordo pode ser imperfeito. Ele não deixa todo mundo feliz. Mas representa um progresso significativo em relação aos 100 bilhões prometidos em Paris em 2015”, disse ele.

“É um acordo que quase não aconteceu”, lembrou ele.

O Azerbaijão, um exportador de petróleo e gás, foi duramente criticado por sua forma de lidar com a COP29, especialmente pela França e pela Alemanha.

Babayev anunciou o acordo nas primeiras horas da manhã de domingo, após quase duas semanas de negociações tensas, que em um determinado momento pareciam estar à beira do colapso.

Assim que o acordo foi aprovado, Índia, Bolívia, Nigéria e Malaui, falando em nome do grupo de 45 países menos desenvolvidos, se manifestaram contra ele.

O financiamento foi a principal questão para as quase 200 nações reunidas em Baku.

Os países ricos não conseguiram cumprir a meta anterior dentro do prazo, minando a confiança no processo climático da ONU.

A COP29 estabeleceu uma meta mais ampla de 1,3 trilhão de dólares (7,5 trilhões de reais) por ano até 2035 para ajudar as nações em desenvolvimento a financiar sua transição energética e se preparar para o agravamento dos impactos climáticos.

O acordo prevê que os 300 bilhões de dólares mobilizados pelas nações ricas serão combinados com fundos do setor privado e de instituições financeiras, como o Banco Mundial, para atingir essa soma maior.

No entanto, Babayev concordou com as nações em desenvolvimento que “a contribuição do mundo industrializado foi muito baixa e que a participação do setor privado foi muito teórica”.

O novo texto afirma que as nações desenvolvidas “assumirão a liderança”, mas dá a entender que outras poderiam participar.

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