Organizações civis de El Salvador pediram, nesta segunda-feira (2), ao presidente Nayib Bukele que "não ceda às pressões" de empresas mineradoras que buscam extrair ouro neste país da América Central.

A exploração de ouro não seria "para o benefício dos setores empobrecidos" de El Salvador, mas "para proteger os interesses dos países ricos", conforme um comunicado assinado por 13 agrupações, incluindo ONGs, movimentos sociais e a Universidade Centro-americana (UCA), ligada à ordem jesuíta.

Bukele iniciou o debate ao classificar na quarta-feira como um "absurdo" a proibição da mineração em El Salvador, que está em vigor desde 2017. No domingo, ele reiterou que é necessário revogar essa medida para atrair investimentos, mencionando a existência de jazidas de ouro, lítio, cobalto, níquel, terras raras, platina e silício, entre outros.

Para as organizações, a mineração causaria danos ao estratégico rio Lempa, que abastece a capital do país.

A região norte do país, onde existem depósitos de ouro, que abrange os departamentos de Santa Ana, Cabañas, Chalatenango, Morazán e La Unión, é considerada uma das "áreas mais frágeis", pois nela nascem e correm muitos afluentes do rio Lempa, segundo o comunicado.

As organizações lembraram que El Salvador possui apenas 20.742 km² de território e é vulnerável a fenômenos sísmicos, o que aumenta os impactos e os riscos da atividade mineradora.

"Na situação em que o país se encontra, implementar a mineração metálica seria o golpe final para o nosso meio ambiente", declarou o vice-reitor da UCA, Omar Serrano.

O ambientalista Pedro Cabezas, da Aliança Centro-americana Frente à Mineração (Acafremin), alertou que parece haver "uma coordenação entre os governos" da região para impulsionar a mineração.

Na semana passada, o governo da Nicarágua acelerou a entrega de concessões a empresas chinesas, e a Costa Rica apresentou um projeto de lei para revogar a proibição e explorar uma mina de ouro no norte do país.

A presidente da Associação de Desenvolvimento Econômico Social Santa Marta (Ades), Vidalina Morales, previu que a mineração trará "mais repressão, mais criminalização" para os ambientalistas.

A Igreja Católica, que assim como a UCA apoiou de forma decisiva a lei contra a mineração em 2017, expressou no domingo seu total repúdio à iniciativa do presidente Bukele.

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