O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na segunda-feira que vai "bloquear" a aquisição da siderúrgica americana US Steel pela empresa japonesa Nippon Steel, uma operação de 14,9 bilhões de dólares (90 bilhões de reais), incluindo as dívidas.

"Sou totalmente contra que a outrora grande e poderosa U.S. Steel seja comprada por uma empresa estrangeira, neste caso a Nippon Steel do Japão", escreveu Trump em sua plataforma Truth Social.

"Por meio de uma série de incentivos fiscais e tarifas, faremos a U.S. Steel forte e grande novamente, e isso acontecerá RÁPIDO! Como presidente, eu vou bloquear este acordo", acrescentou o republicano.

A fragilizada US Steel afirma que precisa do acordo de venda, anunciado em dezembro do ano passado, com a Nippon para garantir o investimento suficiente em suas fábricas em Mon Valley, Pensilvânia, que correm o risco de fechar, alega, se a operação for bloqueada.

A empresa japonesa insistiu, após as mensagens de Trump, que está "determinada a proteger e desenvolver a US Steel de uma forma que fortaleça a indústria americana, a resiliência da cadeia de suprimentos doméstica e a segurança nacional dos Estados Unidos".

"Nós investiremos não menos que US$ 2,7 bilhões (R$ 16,3 bilhões) em suas instalações, introduziremos nossa inovação tecnológica de nível mundial e garantiremos trabalhadores de sindicatos para que os metalúrgicos americanos da U.S. Steel possam fabricar os produtos de aço mais avançados para clientes americanos", acrescentou.

Pouco dias após as eleições presidenciais de novembro nos Estados Unidos, a Nippon Steel afirmou que esperava concluir a aquisição este ano, antes da saída de Joe Biden da presidência e da chegada de Trump à Casa Branca em 20 de janeiro.

Mas o presidente democrata também é contrário ao acordo. Ele declarou que é "vital" para a US Steel "continuar sendo uma empresa siderúrgica americana de propriedade e administração nacional".

A venda está sob análise de um órgão liderado por sua secretária do Tesouro, Janet Yellen, que audita as aquisições estrangeiras de empresas americanas, o Comitê de Investimentos Estrangeiros. 

Em setembro, o governo Biden ampliou sua análise, adiando a conclusão do acordo sensível para depois das eleições presidenciais.

Em uma apresentação de resultados da Nippon em 7 de novembro, a empresa afirmou que previa a conclusão da transação durante 2024, após uma revisão das autoridades de Segurança Nacional americanas.

"A menos que a situação mude drasticamente, acredito que a conclusão acontecerá no final do ano, durante o mandato de Biden", declarou à imprensa o vice-presidente da empresa japonesa, Takahiro Mori.

- Políticas protecionistas -

Durante a campanha eleitoral, Trump prometeu adotar políticas econômicas protecionistas para ajudar as empresas americanas, incluindo ameaças de reiniciar uma guerra comercial com a China, a segunda maior economia do mundo.

Ele criticou diversas vezes a venda da US Steel.

O vice-presidente eleito J.D. Vance também liderou a oposição à aquisição no Senado, onde o acordo foi criticado tanto por republicanos como por democratas.

Analistas sugeriram que a postura de Trump sobre a operação a favor da Nippon seria flexibilizada após as eleições, mas o anúncio de segunda-feira acaba com a possibilidade.

Grandes grupos empresariais japoneses e americanos fizeram um apelo para que Yellen não ceda à pressão política no momento de revisar a operação empresarial.

O sindicato dos trabalhadores siderúrgicos dos Estados Unidos se opôs ao acordo e criticou uma decisão de setembro dos árbitros da operação, segundo a qual a Nippon demonstrou que pode assumir as obrigações contratuais da US Steel.

Em setembro, no entanto, alguns trabalhadores da US Steel defenderam a venda, alegando que ajudaria a manter as fábricas em funcionamento.

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