O ministro das Relações Exteriores da Ucrânia chamou seu homólogo russo, Sergei Lavrov, de "criminoso de guerra", durante uma cúpula internacional em Malta. 

O ministro ucraniano, Andrii Sibiga, acusou Moscou de ser "a maior ameaça à segurança comum", quando ambos os diplomatas participavam da reunião da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE), em Ta’Qali. 

Esta é a primeira viagem de Lavrov a um país da União Europeia desde o início da invasão da Ucrânia em 2022. 

O secretário de Estado americano, Antony Blinken, também participa da reunião na ilha mediterrânica, embora não tenha encontro marcado com Lavrov. 

O diplomata russo, sancionado pela UE, não visitava o bloco desde sua viagem a Estocolmo, em dezembro de 2021, também para uma reunião da OSCE, segundo a imprensa russa. 

"A Rússia não é um parceiro, é a maior ameaça à nossa segurança comum. Sua participação na OSCE representa um perigo para a cooperação na Europa", declarou Sibiga.

- Da Guerra Fria à "quente" -

"Quando os russos dizem que querem a paz, eles mentem", disse ele, acrescentando que "a Ucrânia continua lutando por seu direito de existir". 

Lavrov, sentado entre representantes de São Marino e da Romênia, atacou a UE, a Otan e os Estados Unidos e acusou o Ocidente de desencadear uma nova Guerra Fria. 

Segundo o ministro russo, o Ocidente é responsável por uma "reencarnação da Guerra Fria, agora com maior risco de ficar quente". 

Na última cúpula ministerial, realizada há um ano na Macedônia do Norte, Lavrov acusou a OSCE de ter tornar um "apêndice" da Otan e da UE. 

Fundada em 1975 para reduzir as tensões entre o Oriente e o Ocidente durante a Guerra Fria, a OSCE tem 57 membros, incluindo Turquia, Mongólia, Reino Unido, Canadá, Estados Unidos, Ucrânia e Rússia. 

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump, prometeu pressionar para alcançar rapidamente um acordo para acabar com a guerra na Ucrânia, forçando Kiev a se reposicionar antes de sua posse em janeiro. 

Blinken teve sua última grande reunião com Lavrov em março de 2023, durante a cúpula do G20 em Nova Dhéli.

- Canais de comunicação abertos -

Em 2022, a Polônia, que presidia a OSCE, negou que Lavrov entrasse em seu território para participar na reunião, irritando Moscou. 

Desta vez, um porta-voz do país anfitrião explicou que Lavrov está sujeito a sanções da UE, incluindo o congelamento de bens, mas não está proibido de viajar. O convite foi estendido, segundo o porta-voz, para "manter abertos alguns canais de comunicação". 

Desde a invasão da Ucrânia no início de 2022, a OSCE enfrenta um impasse interno devido aos vetos russos a decisões importantes, que exigem consenso. Além disso, os cargos de secretário-geral e outros três de chefia estão vagos desde setembro, já que não houve acordo sobre seus sucessores. 

A secretária-geral em final de mandato, a alemã Helga Maria Schmid – que assumiu em dezembro de 2020 – obteve uma prorrogação até setembro, mas agora é necessário nomear um substituto. 

Segundo fontes diplomáticas, os embaixadores concordaram em apresentar o turco Feridun Sinirlio?lu como sucessor, mas a decisão final deverá ser aprovada pelos ministros reunidos em Malta. A cúpula também deve definir qual país presidirá à OSCE em 2026 e 2027.

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