Criticado por republicanos, o diretor do FBI, Christopher Wray, afirmou nesta quarta-feira (11/12) que vai renunciar ao cargo no mês que vem, pouco antes da posse de Donald Trump na Presidência dos Estados Unidos. O presidente eleito já havia sinalizado a intenção de substituí-lo.
Wray foi nomeado chefe da agência pelo próprio Trump em 2017 e tem mandato de dez anos. O líder republicano, porém, mais de uma vez manifestou arrependimento pela escolha. Após a eleição presidencial americana, a permanência do diretor se tornou insustentável.
O chefe atual é alvo frequente da ira dos apoiadores de Trump. Em 2022, durante o mandato de Wray, o FBI, a polícia federal americana, fez uma busca aprovada por um tribunal na propriedade do político em Mar-a-Lago, na Flórida, para procurar documentos sigilosos que teriam sido levados da Casa Branca.
No mês passado, Trump já havia dito que iria afastá-lo. Kash Patel, ex-oficial do Conselho de Segurança Nacional e seu aliado fervoroso do líder republicano, deverá ser nomeado o novo chefe da agência.
"Depois de reflexão, decidi que a coisa certa para o FBI é que eu sirva até o final da atual administração, em janeiro, e então renuncie", disse Wray aos funcionários, segundo nota divulgada pela agência.
Wray também afirmou ter respeitado a lei e se esforçado para cumprir seus deveres de forma imparcial. Durante audiência em 2023 na Câmara, ele rechaçou a acusação de que estava cumprindo uma agenda partidária democrata, mencionando que havia sido um republicano por toda a vida. "A ideia de que sou tendencioso contra os conservadores parece um tanto insana, considerando o meu histórico pessoal."
Na rede social Truth Social, Trump celebrou o anúncio da renúncia. Segundo o presidente eleito, trata-se de um "grande dia para a América".
"Eu simplesmente não sei o que aconteceu com ele. Agora restauraremos o Estado de Direito para todos os americanos. Sob a liderança de Wray, o FBI invadiu ilegalmente minha casa, trabalhou diligentemente para me acusar e indiciar ilegalmente, e fez de tudo para interferir no sucesso e no futuro da América. Eles usaram seus vastos poderes para ameaçar e destruir muitos americanos inocentes", escreveu Trump.
À agência de notícias Reuters, Patel diz que espera uma "transição tranquila". "Estarei pronto para servir o povo americano no primeiro dia", disse.
Filho de indianos, Patel aconselhou o diretor de Inteligência Nacional e o secretário de Defesa durante o primeiro mandato de Trump na Casa Branca, de 2017 a 2020. Mais recentemente, ele pediu que o FBI demita qualquer funcionário que se recuse a apoiar a agenda do presidente eleito.
A nomeação de Patel provavelmente enfrentará resistência dos democratas no Senado e possivelmente até de alguns republicanos, embora Patel tenha recebido apoio público de figuras de destaque, caso do Procurador-Geral do Texas, Ken Paxton.
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Wray, em seu discurso aos funcionários nesta quarta, pediu que eles continuassem concentrados na "missão de manter os americanos seguros". "Na minha opinião, essa é a melhor maneira de evitar arrastar o FBI para uma briga mais profunda, ao mesmo tempo em que reforça os valores e princípios que são tão importantes para a forma como fazemos nosso trabalho."