Em seu primeiro artigo desde sua libertação em agosto, o jornalista americano Evan Gershkovich, que esteve preso por mais de um ano na Rússia, falou sobre uma unidade secreta responsável por sua prisão.

Em uma longa investigação publicada no Wall Street Journal na noite de quinta-feira (12), com a coautoria de outros jornalistas, Gershkovich descreve o funcionamento da unidade de contraespionagem dos serviços secretos russos (FSB), a DKRO.

Baseando-se em sua própria experiência e em entrevistas feitas pelos redatores com autoridades ocidentais e opositores russos, ele detalha como essa força especial é responsável pelas recentes detenções de diversos estrangeiros.

Preso em março de 2023 enquanto realizava reportagens nos Urais, o jornalista foi condenado em julho a 16 anos de prisão pelas autoridades russas sob acusação de "espionagem", após um julgamento sumário a portas fechadas.

Tanto ele quanto seu empregador e o governo dos Estados Unidos alegaram que a acusação era infundada.

Gershkovich foi libertado em 1º de agosto como parte da maior troca de prisioneiros entre a Rússia e o Ocidente desde a Guerra Fria.

No artigo publicado nesta semana, Gershkovich relata que, durante seu tempo na prisão, "o investigador-chefe encarregado de [seu] caso" lhe disse que "ele havia sido detido e acusado como agente da CIA porque a DKRO disse que era isso que ele era."

De acordo com o artigo, essa unidade conta com cerca de 2 mil agentes e é liderada por um funcionário chamado Minaev, que desempenha um "papel direto na escolha de quais americanos prender e quais russos trocar por eles."

O jornal também informa que uma subdivisão da DKRO é dedicada à vigilância de jornalistas estrangeiros.

Essa unidade de elite também contribui para a repressão interna e "ordenou a prisão de centenas de russos acusados de espionagem, colaboração ou traição", acrescenta o Wall Street Journal.

Nos últimos anos, vários cidadãos americanos foram presos e condenados a longas penas na Rússia.

Washington, que apoia militar e financeiramente Kiev contra o Exército russo na Ucrânia, acusa Moscou de querer usá-los como moeda de troca por russos detidos nos Estados Unidos.

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