Mais de 7,3 milhões de bolivianos estão aptos a votar neste domingo (15) para renovar as principais autoridades judiciais do país, em uma eleição atípica e carregada de desconfiança, da qual a maioria das regiões não poderá participar plenamente.
Esta é a terceira eleição judicial no país, o único do mundo que escolhe seus altos magistrados por voto popular, embora o México vá começar a fazer o mesmo em 2025.
Em 2011 e 2017, os votos brancos e nulos superaram 60%. Desta vez, os bolivianos vão às urnas com ainda mais desconfiança no sistema, em um contexto de profunda crise política e econômica.
Os cidadãos escolherão 38 autoridades - titulares e suplentes - do Tribunal Constitucional, do Tribunal Supremo de Justiça, do Conselho da Magistratura e do Tribunal Agroambiental, entre candidatos pré-selecionados pelo Parlamento.
O processo deveria ter ocorrido em 2023, mas foi adiado várias vezes e todos os magistrados estão com seus mandatos vencidos. Além disso, a justiça suspendeu o sufrágio em várias regiões do país devido às impugnações de alguns candidatos rejeitados na pré-seleção.
"O resultado é que a eleição ocorre com um ano de atraso e de forma incompleta", disse Oscar Hassenteufel, presidente do órgão eleitoral, ao inaugurar a jornada de votação.
Em 2025, a Bolívia realizará eleições presidenciais, e o Judiciário pode influenciar o cenário político em meio à disputa entre Evo Morales e o presidente Luis Arce pelo comando da esquerda.
A justiça já teve um papel decisivo neste ano, quando o Tribunal Constitucional impediu uma nova candidatura de Morales, que governou entre 2006 e 2019. A corte limitou a dois o número máximo de mandatos presidenciais e retirou Morales da liderança do partido governista Movimento ao Socialismo.
Apesar da proibição, Morales insiste em se candidatar, enquanto Arce ainda não confirmou se tentará um segundo mandato.
Os primeiros resultados parciais serão conhecidos na noite deste domingo, e o órgão eleitoral espera divulgar os resultados completos no meio da semana.
A Bolívia ocupa a 131ª posição entre 142 países em um ranking que analisa o cumprimento da lei, segundo o World Justice Project.
Nas principais cidades, 85% da população confia pouco ou nada no sistema de justiça, segundo uma pesquisa da Ipsos.
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