O partido governista da Bolívia, o Movimento ao Socialismo (MAS), comemorou, nesta quarta-feira (18), o aniversário de sua primeira vitória nas eleições presidenciais em 2005, com dois eventos em separado, devido ao desencontro entre seus dois principais líderes, o ex-presidente Evo Morales e o presidente Luis Arce.
Nas eleições de 19 anos atrás, Morales foi eleito com contundentes 54% dos votos, e se manteve no poder até 2019.
A comemoração deste ano ocorre em um contexto diferente: o partido está dividido em duas facções devido à disputa entre Arce e Morales pela liderança da esquerda com vistas às eleições de agosto de 2025.
Morales, que é alvo de uma ordem de prisão pelo escândalo do suposto abuso de uma menor quando era presidente, acusa Arce, seu afilhado político, de orquestrar uma "perseguição judicial" para "tirá-lo" da corrida eleitoral.
"Querem nos desmoralizar: 'Evo vai ser preso', 'Evo vai ser extraditado' (...) Não vão conseguir. Estamos com o povo e o povo vai continuar ganhando", disse o líder cocaleiro, nesta quarta-feira, em um estádio de Cochabamba, seu reduto político, diante de uma multidão que levava wiphalas, bandeiras indígenas multicoloridas.
Esta é sua primeira aparição pública desde que foi conhecido o mandato de prisão contra ele.
Por vários meses, cada facção do partido reivindicou seu controle, mas em novembro o Tribunal Constitucional reconheceu como válida apenas a cúpula alinhada a Arce.
Apesar de a justiça ter determinado recentemente que ninguém pode governar por mais de dois mandatos, Morales, de 65 anos, insiste em que será candidato em 2025.
O ex-chefe de Estado disse que se apresentará às próximas eleições com ou sem o MAS.
"Cumprimento vários líderes de partidos (...), de grupos. Já estamos conversando", afirmou Morales, sugerindo que poderia se candidatar por outro partido.
Enquanto isso, em outra comemoração na Praça de Armas de La Paz, o presidente Arce pediu que o MAS se prepare para as eleições de 2025, antecipando que será "um ano difícil".
O presidente, de 61 anos, ainda não declarou se será candidato, apesar de o partido estar sob o controle de Grover García, um de seus simpatizantes.
Ele assegurou que deve coordenar, juntamente com as organizações sociais, "a construção e a redação (...) de um programa de governo para voltar a ser governo em 2025-2030".
"Somos os únicos que poderemos derrotar a direita" no próximo ano, disse Arce a seus apoiadores.
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