O Equador rejeitou o pedido da Venezuela para conceder um salvo-conduto ao ex-vice-presidente Jorge Glas, atualmente preso, em troca de o governo venezuelano fazer o mesmo com seis opositores ao chavismo refugiados na embaixada da Argentina em Caracas, afirmou nesta quarta-feira (18) a chanceler Gabriela Sommerfeld.
Glas, que foi vice-presidente do Equador durante o governo socialista de Rafael Correa (2007-2017) e tinha fortes vínculos com Hugo Chávez, está preso em Guayaquil e se encontra no centro de uma disputa diplomática entre Equador e México.
Em abril, a polícia equatoriana invadiu a embaixada mexicana em Quito, onde Glas estava asilado, para prendê-lo em razão de um caso de peculato.
A chanceler equatoriana explicou que entre agosto e setembro recebeu ligações da Colômbia e do Brasil que transmitiram a proposta venezuelana: conceder salvo-conduto a seis opositores ao chavismo asilados na sede diplomática argentina em troca de o Equador fazer o mesmo com Glas.
"Quando nos fizeram essa proposta, o senhor presidente [Daniel Noboa] deu uma diretriz muito clara: aqui não apoiamos a impunidade, aqui não apoiamos a corrupção e não somos aliados do regime de [Nicolás] Maduro", declarou Sommerfeld em uma entrevista à rádio Democracia.
"Diante dessa proposta, o Equador simplesmente a descartou", acrescentou.
Mais tarde, a presidência do Equador emitiu um comunicado declarando que "esse tipo de 'negociações' jamais teria espaço" no governo de Noboa e que Glas "continuará cumprindo sua condenação na prisão".
O plano de Caracas veio à tona na véspera, quando o chanceler colombiano, Luis Gilberto Murillo, declarou que seu país tem atuado como mediador para resolver a crise de vários meses entre Maduro e seu homólogo argentino, Javier Milei.
Maduro rompeu relações com a Argentina devido à posição do país em relação às questionadas eleições de 28 de julho, nas quais ele foi proclamado reeleito em meio a denúncias de fraude.
Desde então, a embaixada argentina em Caracas tem sido protegida pelo Brasil. Na sede diplomática estão refugiados desde março seis colaboradores da líder opositora venezuelana María Corina Machado, incluindo sua chefe de campanha, acusados de "terrorismo".
O México havia concedido asilo ao ex-vice-presidente Glas, mas o governo equatoriano considera o asilo ilegítimo, já que Glas foi condenado por outros casos de corrupção.
Desde 2017, Glas cumpria uma pena por corrupção até ser libertado em novembro de 2022 graças a um habeas corpus. Um mês depois, refugiou-se na embaixada mexicana em Quito.
Após a incursão policial na embaixada, o México processou o Equador na Corte Internacional de Justiça (CIJ) e retirou seu pessoal diplomático do país. O México também delegou à Suíça a representação diplomática em Quito.
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