O ciclone Chido deixou ao menos 35 mortos em sua passagem pelo território francês de Mayotte no sábado, informaram, nesta sexta-feira (20), as autoridades em um novo balanço, durante a visita do presidente Emmanuel Macron a este arquipélago no oceano Índico.

O ministério do Interior francês também informou sobre 67 feridos graves e 2.432 feridos leves, e alertou que o balanço é "muito difícil de consolidar". As autoridades temem um número de mortos muito maior.

Mayotte conta com cerca de 320.000 habitantes, mas estima-se que entre 100.000 e 200.000 pessoas a mais vivam lá devido aos migrantes em situação irregular provenientes da vizinha Comores. Quase um terço da população vive em habitações precárias.

Durante uma visita tensa de dois dias, Macron prometeu "reconstruir" este território, situado entre Moçambique e Madagascar, por meio de uma "lei especial", além de atender os problemas urgentes de fornecimento de água e alimentos.

"Água, água!", pediam nesta sexta-feira os moradores de Mayotte durante a visita do presidente às áreas afetadas. Seis dias após a passagem do ciclone, Macron prometeu que o fornecimento de água seria restabelecido parcialmente no sábado.

"Aqui estamos isolados do mundo", "há gente dormindo ao relento, no chão... As doenças estão vindo", alertou Badirou Abdou, durante uma visita à remota localidade de Tsingoni.

"Durante meses, Mayotte não viverá uma situação normal", declarou a meios locais o presidente, que, antes de deixar o arquipélago, manteve uma reunião de crise para "transmitir ao governo" as "ações úteis a serem tomadas".

As escolas também não poderão abrir suas portas em 13 de janeiro, com o retorno às aulas, embora Macron tenha sugerido como possível solução o acolhimento dos alunos nos centros de ensino de Reunião, ilha francesa situada a cerca de 1.500 quilômetros.

O chefe de Estado de centro-direita também defendeu "resolver o problema da imigração clandestina", com o objetivo de aumentar a médio prazo, quase dobrando, as 22.000 expulsões de 2023.

Mayotte se tornou um departamento francês em 2011, após votar contra sua independência em dois referendos, em 1974 e 1976. No entanto, Comores reivindica este território e não reconhece a autoridade de Paris.

O ciclone também matou pelo menos 75 pessoas em Moçambique e 13 no Malawi. 

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