A mudança climática desencadeou condições meteorológicas extremas e ondas de calor recorde em 2024, disse a ONU nesta segunda-feira (30), instando o mundo a sair do "caminho da ruína".

O ano de 2024 entrará para a história como o mais quente já registrado, coroando assim uma década de temperaturas sem precedentes, afirmou a Organização Meteorológica Mundial (OMM). 

Além disso, as emissões de gases de efeito estufa atingiram novos picos, o que fará com que o calor aumente no futuro, segundo a mesma fonte. 

"A mudança climática se manifesta diante dos nossos olhos quase diariamente sob a forma de um aumento de eventos climáticos extremos e do seu impacto", disse a secretária-geral da OMM, Celeste Saulo. 

"Este ano testemunhamos chuvas e enchentes sem precedentes e terríveis perdas de vidas em muitos países", acrescentou.

"Os ciclones tropicais causaram um terrível impacto humano e econômico", disse Saulo, citando como exemplo o pequeno arquipélago francês de Mayotte, no oceano Índico, que foi devastado este mês pelo ciclone Chido.

Afirmou ainda que "intensas ondas de calor atingiram dezenas de países" em 2024, com temperaturas superiores a 50 graus Celsius, sem esquecer "os incêndios florestais que causaram inúmeros estragos".

- 'Colapso climático' -

O acordo climático de Paris de 2015 visava conter o aquecimento abaixo de 2°C e continuar os esforços para limitá-lo a 1,5°C. 

Em novembro, a OMM indicou que de janeiro a setembro de 2024, a temperatura média do ar na superfície do globo foi 1,54ºC superior à média pré-industrial. 

Como consequência, 2024 poderá superar em muito o recorde de 2023. No ano passado, as temperaturas foram 1,45ºC mais altas do que antes da revolução industrial, quando a humanidade começou a queimar grandes quantidades de combustíveis fósseis. 

A OMM publicará em janeiro o valor final da temperatura global em 2024, e em março o relatório completo sobre o estado do clima mundial para esse mesmo ano.

Na sua mensagem de Ano Novo, o secretário-geral da ONU, António Guterres, mencionou as temperaturas recorde registadas na última década. 

"Hoje posso dizer oficialmente que acabamos de suportar uma década de calor mortal. Os 10 anos mais quentes já registrados ocorreram nos últimos 10 anos, incluindo 2024", disse ele. 

"Isso é o colapso climático em tempo real. Devemos sair do caminho da ruína, não temos tempo a perder", afirmou.

"Em 2025, os países devem liderar o mundo em um caminho mais seguro, reduzindo drasticamente as emissões e apoiando a transição para um futuro renovável. É essencial e é possível", acrescentou.

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