As negociações entre a União Europeia (UE) e o bloco do Mercosul para um acordo de livre comércio continuam a nível político, afirmou nesta terça-feira (3) a diretora-geral de Comércio da Comissão Europeia, Sabine Weyand.
"Embora o trabalho tenha avançado, as discussões continuam, inclusive a nível político", disse Weyand na Comissão de Comércio Internacional do Parlamento Europeu.
Segundo a funcionária de alto escalão da UE, o novo comissário europeu do Comércio, Maros Sefcovic, "está totalmente envolvido e manterá contatos com seus homólogos, inclusive nas próximas horas".
O acordo de livre comércio entre a UE e o Mercosul, negociado há 25 anos, parece ter chegado ao momento decisivo e não se descarta um anúncio sobre o tema no encontro de cúpula dos países do Mercosul esta semana no Uruguai.
"Nossa equipe de negociação manteve contato contínuo com os negociadores do Mercosul, com reuniões de nível técnico no Brasil (...) inclusive para permitir consultas adicionais", disse Weyand.
Na opinião de Weyand, o acordo tem "importância estratégica (...) de uma perspectiva geopolítica, econômica e de sustentabilidade".
"No complexo panorama geopolítico atual, assegurar acordos comerciais com parceiros confiáveis é essencial para a segurança econômica e a resiliência da UE", afirmou.
O eurodeputado espanhol Gabriel Mato apontou que, na última rodada de conversações, todas as partes mostraram o "firme compromisso de concluir as conversações o mais rápido possível".
"Restaram, é verdade, algumas questões pendentes, mas os negociadores estavam tentando definir claramente quais poderiam ser os pontos de consenso", afirmou.
Em qualquer caso, ainda haveria um caminho a percorrer, pois o texto negociado e eventualmente aprovado teria que ser traduzido e submetido a uma revisão jurídica.
Na opinião de Mato, o acordo "é uma oportunidade única que não deveríamos perder. Acredito que, mais do que um acordo, é uma declaração de intenções sobre a liderança da Europa".
Rejeitar o acordo, acrescentou, "é dar um presente àqueles que competem conosco".
Outro eurodeputado espanhol, Francisco Millán Mons, disse que "precisamos de um acordo equilibrado em todos os setores, mas já perdemos muito tempo".
A assinatura do acordo enfrenta a oposição ferrenha da França, que alega o risco de uma situação desvantajosa para os agricultores europeus, em particular os franceses.
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