Um juiz federal dos Estados Unidos rejeitou, nesta quinta-feira (5), o acordo de culpabilidade da Boeing concluído em julho com o qual a empresa tentava encerrar os processos por dois acidentes do modelo 737 MAX 8, que, somados, deixaram 346 mortos.
Em uma decisão de 12 páginas, o juiz Reed O'Connor bloqueou o acordo de culpabilidade ao se declarar "cético" com um resultado justo na designação de um supervisor independente que fiscalize o respeito aos compromissos da Boeing pelo período de três anos.
Com base nesse acordo, o Departamento de Justiça americano apresentaria seis candidatos, e a Boeing poderia descartar um deles, mas o juiz O'Connor escreveu que teme que a companhia atue "de forma discriminatória e com considerações raciais".
Além disso, o magistrado assinala que as políticas de diversidade, igualdade e inclusão do Departamento de Justiça o deixam "cético" em relação às garantias de que essa pasta escolherá um supervisor com base apenas em suas competências.
"A corte não está convencida de que o governo não escolherá um supervisor sem considerações baseadas na raça", escreve.
Em sua decisão, o magistrado critica as políticas de diversidade, igualdade e inclusão do Departamento de Justiça e da Boeing ao afirmar que "são contrárias ao interesse público".
"Em um caso desta magnitude, é do máximo interesse da Justiça que o público tenha confiança de que a seleção deste supervisor se faça unicamente sobre sua competência" acrescentou O'Connor.
As ações sobre os acidentes resultaram em um acordo de acusação diferida em 2021, mas, em maio, funcionários do Departamento de Justiça disseram que a Boeing o teria descumprido, abrindo possibilidade para um novo julgamento.
Há alguns meses, a Boeing e o Departamento de Justiça chegaram a um novo acordo no qual a companhia se comprometia a pagar 243,6 milhões de dólares (R$ 1,4 bilhão, na cotação atual) adicionais em multas.
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