A Corte Suprema da Argentina dispôs que a ex-presidente Cristina Kirchner deverá ir a julgamento por acobertar responsáveis iranianos do atentado contra uma instituição judaica há 30 anos, mas confirmou o arquivamento de outro caso por fraude, informou a imprensa local nesta quinta-feira (5).

Os magistrados descartaram a existência de "arbitrariedade" na decisão de um alto tribunal de reabrir, em 2023, o caso sobre o suposto acobertamento, depois que o processo foi arquivado em 2021, segundo a decisão citada pelo jornal local Página12.

Quando o caso foi reaberto em 2023, os juízes haviam assinalado que a acusação de acobertamento não se limitava à assinatura de um memorando com o Irã, em referência a um tratado impulsionado por Cristina Kirchner e aprovado pelo Congresso em 2013 para interrogar fora da Argentina os acusados pelo ataque à mutual judaica AMIA em 1994, que deixou 85 mortos e mais de 300 feridos.

Para aquele tribunal, a hipótese delitiva da acusação também inclui negociações por canais paralelos aos institucionais, que buscavam o objetivo ilícito de conceder impunidade a esses cidadãos iranianos.

Em janeiro de 2015, a ex-presidente foi acusada pelo finado promotor Alberto Nisman quando estava no último ano de seu segundo mandato. Dias depois, quando seria interpelado no Congresso, Nisman foi encontrado morto com um tiro na têmpora, um episódio que chocou o país.

Por outro lado, a Corte Suprema confirmou o arquivamento de outro caso contra a ex-presidente, que investigava a suposta venda de dólar futuro por parte do Banco Central argentino a um valor inferior ao oferecido no mercado, durante o último governo de Cristina, pois o considerou uma questão de política de Estado que não poderia ser judicializada.

Em abril, a Justiça argentina determinou que os atentados contra a Amia e a embaixada de Israel em 1992, este último com um saldo de 29 mortos, foram ordenados pelo Irã, em uma decisão considerada "histórica" pela comunidade judaica.

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