O prefeito de Bogotá e outras autoridades questionaram a credibilidade, nesta sexta-feira (6), de um informe apresentado na véspera pelo Comitê da ONU contra o Desaparecimento Forçado segundo o qual há 20 mil corpos de desaparecidos sem identificação em um aeroporto.
O escritório das Nações Unidas assegurou, na quinta-feira, que "milhares de cadáveres sem identificação jazem em cemitérios ou armazéns mal administrados” na Colômbia, "como um hangar do aeroporto em Bogotá, onde atualmente se armazenam 20 mil corpos não identificados".
No entanto, o prefeito da cidade, Carlos Fernando Galán, refutou a suposta revelação.
"A prefeitura de Bogotá não tem informação sobre essa afirmação do informe", disse o mandatário em uma coletiva de imprensa.
Galán pediu à ONU que identificasse o aeroporto ao qual seu informe se refere e o suporte de suas declarações.
"É muito importante que as Nações Unidas, e neste caso a missão que veio à Colombia, preste o suporte para poder fazer essa afirmação", acresentou.
Na capital há cerca de 5.500 corpos de desaparecidos sem identificação e de pessoas cuja identidade já foi determinada mas que não foram reivindicados, disse a conselheira de paz Isabelita Mercado à W Radio.
A ONU afirmou que seu informe se baseia em uma informação recebida por parte das autoridades locais, mas não especifica qual entidade lhe forneceu os dados e nem a qual aeroporto se refere.
Após o anúncio, nenhum funcionário desse órgão respondeu aos jornalistas. Um assessor de imprensa não respondeu a um pedido de informações da AFP.
O principal aeroporto de Bogotá e um dos mais importantes da América Latina é El Dorado.
No entanto, Luz Janeth Forero, diretora da Unidade de Busca de Pessoas Dadas por Desaparecisas (UBPD) assegurou à W Radio que a instituição não tem "no registro nenhuma informação que diga que no aeroporto ou em seus arredores "exista "um local de interesse forense".
Nascida do acordo de paz com a guerrilha Farc de 2016, a UBPD é a principal autoridade para localizar e identificar as milhares de pessoas desaparecidas deixadas pelo conflito armado de seis décadas na Colômbia.
A autoridade forense Medicina Legal reagiu da mesma forma, afirmando que “não tinha conhecimento da existência de tal hangar”.
O UBPD contabiliza mais de 104 mil desaparecidos na guerra entre as forças do Estado, guerrilheiros, paramilitares e cartéis de drogas na Colômbia.
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