O realismo mágico do colombiano ganhador do Prêmio Nobel Gabriel García Márquez chega à Netflix, que na segunda-feira (9) apresentou a tão esperada adaptação do livro “Cem Anos de Solidão” para as telas em Bogotá, em uma cerimônia com a presença do presidente colombiano Gustavo Petro.

A versão para televisão do romance mais famoso de García Márquez (1927-2014), que estará disponível para 190 países na platafoma de streaming a partir de quarta-feira, teve sua estreia no país natal do renomado escritor e jornalista.

Em um museu na capital colombiana, produtores, membros do elenco e convidados especiais, entre eles familiares do autor e o presidente esquerdista Gustavo Petro, assistiram ao primeiro capítulo durante a projeção especial.

Em sua chegada ao evento, o mandatário saudou os produtores e caminhou em um tapete vermelho decorado com tochas, vegetação tropical e um muro de junco que recria as características da fictícia vila caribenha de Macondo, onde se passa o livro de García Márquez.

O romance original “de alguma forma, conta engenhosamente a história de um povo, de um país como a Colômbia, mas também capta a história da América Latina”, disse à AFP o cineasta argentino Alex García López, um dos diretores da série, que destacou o caráter universal da obra.

O primeiro episódio começa com o casamento de José Arcadio Buendía e Úrsula Iguarán, cobre a fundação da mítica Macondo e termina com o nascimento do segundo filho do casal, Aureliano, que mais tarde se tornaria o lendário coronel Aureliano Buendía.

O livro do colombiano, publicado em 1967, é uma das obras mais importantes da literatura em espanhol, e sua versão cinematográfica era vista como um desafio monumental. O escritor sempre se opôs que o romance fosse adaptado à televisão porque não via como ele poderia ser condensado em um formato audiovisual.

“Muitas das adaptações dos livros de Gabo sofreram com o respeito excessivo pelo autor, com o respeito excessivo pela obra”, disse Rodrigo García Barcha, filho do ganhador do Prêmio Nobel e produtor executivo da série. “Nesse caso, eles conseguiram adaptá-lo e isso teve um impacto muito positivo”, acrescentou.

A Netflix adquiriu os direitos do romance em 2019, e foi em plena pandemia que a plataforma contatou o diretor García López para o desafio.

Uma das maiores provocações, acrescentou o diretor, “foi como fazer algo que parecesse muito autêntico, muito colombiano, mas com uma produção muito grande para mostrar ao mundo que a América Latina, que (nós da) Colômbia, estamos além dos traficantes de drogas, da violência, das ditaduras.... As mesmas histórias de sempre”.

vd/ag/jmo/yr

compartilhe