Mais de 100 pessoas morreram em um bombardeio do Exército sudanês na segunda-feira (9) em um mercado de Darfur do Norte, no oeste do Sudão, informou nesta terça-feira um grupo de advogados pró-democracia deste país afetado por uma guerra há quase dois anos.
O Sudão é cenário de uma violenta guerra civil desde abril de 2023, um conflito que já deixou dezenas de milhares de mortos, segundo a ONU.
O conflito envolve o Exército, liderado pelo general Abdel Fatah al Burhan, e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), lideradas pelo ex-vice de Burhan, o general Mohamed Hamdan Daglo.
O bombardeio de segunda-feira ocorreu em Kabkabiya, 180 km ao oeste de El Fasher, capital do estado de Darfur do Norte, cercado pelas FAR desde maio.
"O ataque aéreo aconteceu no dia do mercado semanal na cidade, onde os moradores das cidades vizinhas comparecem para fazer suas compras", afirmou a organização 'Emergency Lawyers', que documenta as atrocidades cometidas no país desde o início da guerra, há 20 meses.
Mais de 100 pessoas morreram no bombardeio e centenas ficaram feridas, incluindo mulheres e crianças, informou o grupo.
A organização descreveu "um massacre horrendo cometido por bombardeios do Exército".
O Exército sudanês negou ter executado o ataque e denunciou as "mentiras" propagadas pelos partidos políticos que apoiam as FAR. Os militares afirmaram em um comunicado que continuariam "exercendo seu direito de defender o país.
Os ataques são parte de "uma campanha de escalada constante, que contradiz as informações de que os bombardeios são executados apenas contra alvos militares", alertou a 'Emergency Lawyers'. "Os ataques são deliberadamente concentrados em áreas residenciais densamente povoadas", reiterou.
O Exército oficial, liderado por Al Burhan, e as forças das FAR foram acusados de crimes de guerra, em particular bombardeios indiscriminados em áreas habitadas.
Desde o início do conflito, dezenas de milhares de pessoas morreram e mais de 11 milhões de sudaneses foram forçados ao deslocamento, segundo a ONU.
As Nações Unidas e organizações humanitárias temem que a guerra provoque uma nova violência étnica, em particular em Darfur, que foi devastada há mais de 20 anos pela política de terra arrasada aplicada pelos Janjaweed, milicianos árabes que desde então se aliaram às FAR.
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